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ONU ALERTA PARA AUMENTO DE RISCO DE GUERRAS POR CONTROLO DOS RECURSOS

Mundo chegou a um “ponto sem retorno” nas alterações climáticas

PRESERVAÇÃO. CLIMA. Antigo secretário-geral da Organização das Nações Unidas defende que o mundo chegou a um “ponto sem retorno” em matéria de alterações climáticas. Holanda acolhe, em 2020, cimeira para fazer o balanço sobre o Clima.

 

Mundo chegou a um “ponto sem retorno” nas alterações climáticas

Ban Ki-moon falava no lançamento da Comissão Internacional para o Clima, que acompanhará as medidas que os países, em particular os mais pobres, podem adoptar contra os efeitos do aquecimento global, como a subida do nível do mar e as secas prolongadas.

A comissão, com sede na cidade holandesa de Roterdão, é liderada pelo antigo secretário-geral das Nações Unidas, pelo fundador da Microsoft e activista do clima Bill Gates e pela directora executiva do Banco Mundial, Kristalina Georgieva.

Segundo Ban Ki-moon, o mundo deverá empreender o caminho que assegure um “futuro mais resiliente ao clima”, caso contrário vai colocar em risco “o crescimento económico global e a estabilidade social”, bem como a disponibilidade de “alimentos, energia e água”.

Num relatório publicado na semana passada, peritos do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU pediram medidas rápidas e sem precedentes para limitar a subida da temperatura global em 1,5ºC.

A Holanda vai acolher, em 2020, uma cimeira para fazer o balanço sobre os trabalhos da Comissão Internacional para o Clima lançada na semana passada, e à qual se associaram mais de uma dezena de países, incluindo China, Alemanha e Índia.

A comissão, na qual pontuam igualmente líderes do Reino Unido e Bangladesh deverá ter como principais destinatários os outros líderes mundiais, para os apressar nas medidas necessárias para proteger as zonas mais vulneráveis aos impactos do aquecimento global e as populações que lá vivem.

A ministra holandesa das Infra-estruturas e Gestão da Água, Cora van Nieuwenhuizen, afirmou que o seu país, directamente ameaçado pela subida do nível dos oceanos por se encontrar abaixo do nível do mar, tem experiência neste campo e por isso quer liderar o processo.

Na missão da comissão, lê-se que deverá “convencer as nações a tomarem medidas para se prepararem para as consequências das alterações climáticas”.

Risco de guerras pelos recursos

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou que as alterações climáticas podem aumentar o risco de guerras pelo controlo dos recursos naturais e pediu aos países projectos de cooperação nesta área.

“A exploração de recursos naturais, a competição por eles, pode e levar a conflitos violentos. Preveni-los e geri-los é um dos maiores e mais crescentes desafios do nosso tempo”, disse António Guterres ao Conselho de Segurança da ONU.

De acordo com estudos da ONU, mais de 40% dos conflitos armados internos nos últimos 60 anos estão ligados aos recursos naturais. “Com os crescentes impactos das alterações climáticas evidentes em todas as regiões, os riscos só aumentarão”, afirmou António Guterres.

O secretário-geral encorajou os países a converter os recursos naturais num elemento de cooperação, dando como exemplo vários projectos em andamento em todo o mundo.

Guterres interveio num debate do Conselho de Segurança sobre o papel que a luta pelos recursos naturais tem no início dos conflitos armados, uma sessão promovida pela Bolívia, que este mês preside ao Conselho de Segurança.