NÃO, A CULPA NÃO É DAS REDES SOCIAIS!
Entre a declaração de Adalberto Costa Júnior e o comunicado final da reunião do Conselho da República, desta segunda-feira, há um distanciamento quilométrico. As diferenças são visíveis nas questões de substância. Notam-se no conteúdo, mas também no tom e na forma.

Do Conselho da República saiu uma declaração insensível, insípida e negacionista. Escrita por assessores de João Lourenço, foi a repetição do que se ouviu no pronunciamento anterior deste e da súmula da reunião do Conselho de Segurança Nacional, na semana anterior. As mesmas palavras, a mesma inconsciência e os mesmos bodes expiatórios. Quais? As redes sociais, os “agitadores” que nelas se propagam e, no fundo, todos os que criticam com honestidade e verticalidade a trágica governação de João Lourenço.
Com o semblante simultaneamente carregado e sereno, Adalberto Costa Júnior demarcou-se do comunicado sem dizê-lo expressamente. Bastou contrapor a narrativa oficial dos bodes expiatórios para vincar que discorda em género, número e grau de João Lourenço e do seu séquito. À imprensa, o líder da Unita apontou as desavisadas opções da governação e os entraves à democratização entre os argumentos de raiz que explicam o caos.
Foi o suficiente para se deduzir que João Lourenço não teve o privilégio de ouvir apenas o seu próprio sermão feito sobretudo de teorias da conspiração. Não se limitou a fiscalizar os acenos de concordância da maioria dos conselheiros que lhe são, honesta e hipocritamente, afáveis. Pelo menos do líder da Unita, teve de ouvir a exposição de um país diferente, de argumentos diferentes e de razões diferentes para o ‘estado de espírito’ em que o país foi mergulhado.
No balanço, o que aparentemente se sobrepõe, entretanto, é a perigosa narrativa de quem se julga dono absoluto do poder e dono do poder absoluto. Mais do que qualquer outra conclusão, esta é pelo menos razão bastante para se admitir que o país que se segue é mais imprevisível do que se possa calcular. A obscena e criminosa consagração das redes sociais como a principal fonte da insatisfação popular reforça, por exemplo, o estatuto de alvos preferenciais dos críticos do regime. A sanha persecutória já em curso, com detenções e acusações a torto e a direito, materializa uma prática de chantagem e intimidação que pretende silenciar tudo e todos. Dos opositores na oposição, passando pelos activistas, críticos e manifestantes aos jornalistas insubmissos.
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