ANGOLA GROWING
CARTÕES DE RECARGA TELEFÓNICA

Negócios que dão rede

REVENDA. Recargas de telemóveis e aparelhos fazem negócio de muitos empreendedores que podem ser vistos em pequenos estabelecimentos comerciais ou mesmo na rua. Revendedores afirmam que negócio compensa.

A venda de produtos e serviços electrónicos das operadoras de telefonia móvel e fixa é uma das alternativas para quem pensa em abrir um pequeno negócio ou associá-lo a outros.

Mas, para se tornar em agente revendedor da Movicel, Unitel, Telo ou Angola Telecom, é necessário que se tenha alvará comercial, cartão de contribuinte, cópia do bilhete de identidade ou passaporte e croqui de localização do estabelecimento. No caso de particulares, devem associar-se a uma empresa que tenha esses documentos. Essa é, pelo menos, uma das novas exigências da Telo.

Os custos dos produtos e serviços das operadoras variam, assim como a margem de lucro dos revendedores. Para quem investe na venda de recarga de telemóveis da Unitel, por exemplo, no valor de 93.750 kwanzas correspondentes a 9.375 Unidade de Tarifário de Telecomunicação (UTT), pode ter uma margem de lucro de 3% aproximadamente 2.812,5 kwanzas, tendo em conta que uma UTT custa 10 kwanzas.

No caso da Telo, outra empresa que presta diversos serviços de telecomunicações, o revendedor particular é obrigado a comprar, pelo menos, 100 mil kwanzas em cartões de recarga, além de um aparelho no valor de 40 mil kwanzas, no acto da assinatura do contrato.Como contrapartida, além dos 10% de bonus sobre o valor da recarga, o cliente tem uma margem de 20% sobre cada chamada de 45 segundos. “Por exemplo, se o meu cliente fizer uma chamada de 45 segundos, eu cobro 50 kwanzas. Deste valor, 40 kwanzas vão para a Telo e os 10 é o meu lucro”, explica um revendedor de Cacuaco. No caso de empresas, o bonus de 10% sobre a compra da recarga incial e a margem de lucro mantêm-se. A única alteração ocorre na quantidade de aparelhos que deve adquirir, estipulado num mínimo de cinco.

Outro produto que pode ser adquirido da Telo, para a revenda, são os conhecidos Tec, os aparelhos de carregamento automático da Unitel. A formalização do processo pelo revendedor, junto da Telo, passa apenas pela apresentação do blihete de identidade, do cartão de contribuinte e pela identificação do local de revenda, informação que a própria empresa considera como não sendo muito relevante. Aqui, por cada 56 UTT, o revendedor tem uma margem de 50, kwanzas, diferença resultante do preço da compra (500 kwanzas) do preço da revenda (550 kwanzas). Na subscrição inicial, o revendedor incorre, entretanto, a uma compra obrigatória de 2.060 UTT, no valor de 20 mil kwanzas, recebendo como compensação um bónus de 600 kwanzas, em UTT.

Para a Angola Telecom, o processo “é mais” burocrático. O interessado tem de remeter uma carta dirigida à direcção da empresa a solicitar. Depois de uma avaliação, é contactado para uma possível parceria.

Na Movicel, para particulares, basta a entrega da cópia do B.I e do cartão de contribuinte. O valor de entrada depende do poder financeiro e é dado um cartão em que terá acesso às lojas Movicel e adquirir os materiais que desejar vender.

Um dos revendedores dos produtos Telo e Tec, Pembele Mambuele, de 26 anos, sustenta a família com a revenda de cargas há seis anos. Como revendedor, teve de adquirir uma licença na administração da Samba para poder vender em frente ao Nosso Centro, no Gamek, e usar a cabine oficial Telo.

O jovem confessa que esse é um bom negócio, apesar de não se ganhar valores avultados numa primeira fase. “Mas com uma boa gestão, estratégia, calma e sabedoria, chega-se longe”, admite, classificando-o como “um negócio limpo e seguro”. Pembele Mambuele já foi vendedor de rua, mas a visão do negócio levou-o a adquirir uma cabine e assim evitar conflitos com fiscais. “Com uma micro-empresa ganham-se muitas coisas, o segredo é saber gerir”, aconselha.

Além das chamadas, vende telemóveis, acessórios, recargas da Movicel e da Unitel. O jovem aconselha a quem quiser investir que o faça em pequenos negócios.