NO ESTADO DA NAÇÃO, TUDO VAI NU
Não há nada de novo. Assim como em quase tudo neste país, as atrocidades na justiça não fazem questão de esconder-se do manto da indecência. No estado da Nação, o rei vai literalmente nu. Nem um extraterrestre humanoide o negaria.
Ainda não se passaram duas semanas desde que o advogado João Gourgel esteve na ‘Rádio Essencial’ a despejar verdadeiros explosivos sobre o disfuncional Serviço Nacional de Recuperação de Activos (SENRA). Eduarda Rodrigues, a então toda poderosa e agora defenestrada directora, foi acusada de tudo e mais alguma coisa. Da chantagem a alegadas tentativas de extorsão. As denúncias foram públicas. Estão publicadas. São graves. Gravíssimas. Quem a denunciou fê-lo em directo. Não se trata de fonte coberta pelo anonimato. Deu o rosto. Todavia, da Procuradoria-Geral da República nem um mugido nem um tugido. Não há conhecimento de processo ou, no mínimo, de algum inquérito promovido a propósito dessas denúncias específicas.
Pelo contrário. Eduarda Rodrigues foi exonerada e nomeada para estar formalmente ao lado do Procurador-Geral da República. Para continuar a ter contacto com processos. É um insulto. É um escândalo. É uma vergonha! Nenhum país precisaria de ser minimamente sério para sentir-se tão embaraçado e desmoralizado. Angola é definitivamente um caso à parte. Porque no estado da Nação de João Lourenço, o estado da justiça está mais sereno. Fala num combate à corrupção e numa recuperação de activos, apresentados em mal amanhadas folhas de excel, indignas de um trabalho de casa da quarta classe. Muitos dados e dados que só são números. Sem origens. Sem nomes e sem rosto. É o trabalho de excelência do SENRA! O povo diria “brincadeira tem hora!”, como poderia dizer “brincadeira de péssimo gosto!”.
Tão grave ou pior do que isso talvez só a novela esquizofrénica entre o Tribunal Supremo e o Tribunal Constitucional. É uma ‘guerra’ que desafia todos os limites do racional e da decência. Pelas novas informações estampadas na edição deste jornal, a luta entre Joel Leonardo e Laurinda Cardoso inclui agora o capítulo da mentira descarada. Assim mesmo. Nem mais, nem menos. Documentos da defesa e dos Tribunais citados por fontes do jornal atestam que a equipa de Joel Leonardo enganou propositadamente a presidente do Tribunal de Constitucional.
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JLo do lado errado da história