NO ESTADO DA NAÇÃO, TUDO VAI NU

16 Oct. 2024 Editorial

Não há nada de novo. Assim como em quase tudo neste país, as atrocidades na justiça não fazem questão de esconder-se do manto da indecência. No estado da Nação, o rei vai literalmente nu. Nem um extraterrestre humanoide  o negaria. 

NO ESTADO DA NAÇÃO, TUDO VAI NU

Ainda não se passaram duas semanas desde que o advogado João Gourgel esteve na ‘Rádio Essencial’ a despejar verdadeiros explosivos sobre o disfuncional Serviço Nacional de Recuperação de Activos (SENRA). Eduarda Rodrigues, a então toda poderosa e agora defenestrada directora, foi acusada de tudo e mais alguma coisa. Da chantagem a alegadas tentativas de extorsão. As denúncias foram públicas. Estão publicadas. São graves. Gravíssimas. Quem a denunciou fê-lo em directo. Não se trata de fonte coberta pelo anonimato. Deu o rosto. Todavia, da Procuradoria-Geral da República nem um mugido nem um tugido. Não há conhecimento de processo ou, no mínimo, de algum inquérito promovido a propósito dessas denúncias específicas. 

Pelo contrário. Eduarda Rodrigues foi exonerada e nomeada para estar formalmente ao lado do Procurador-Geral da República. Para continuar a ter contacto com processos. É um insulto. É um escândalo. É uma vergonha! Nenhum país precisaria de ser minimamente sério para sentir-se tão embaraçado e desmoralizado. Angola é definitivamente um caso à parte. Porque no estado da Nação de João Lourenço, o estado da justiça está mais sereno. Fala num combate à corrupção e numa recuperação de activos, apresentados em mal amanhadas folhas de excel, indignas de um trabalho de casa da quarta classe. Muitos dados e dados que só são números. Sem origens. Sem nomes e sem rosto. É o trabalho de excelência do SENRA! O povo diria “brincadeira tem hora!”, como poderia dizer “brincadeira de péssimo gosto!”.

Tão grave ou pior do que isso talvez só a novela esquizofrénica entre o Tribunal Supremo e o Tribunal Constitucional.  É uma ‘guerra’ que desafia todos os limites do racional e da decência. Pelas novas informações estampadas na edição deste jornal, a luta entre Joel Leonardo e Laurinda Cardoso inclui agora o capítulo da mentira descarada. Assim mesmo. Nem mais, nem menos. Documentos da defesa e dos Tribunais citados por fontes do jornal atestam que a equipa de Joel Leonardo enganou propositadamente a presidente do Tribunal de Constitucional. 

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