RALPH LAUREN, DE POBRE A MILIONÁRIO

O dono e criador das polos

16 Jan. 2017 Emídio Fernando Gestão

MODA. Começou por vender gravatas na rua para sobreviver e acabou por construir um império. Acabou por ser o estilista dos seus ídolos do cinema e do desporto. Ralph Lauren é uma das principais figuras da alta costura e um dos criadores mais ricos do mundo.

Aos 28 anos, sem uma formação específica, Ralph Lauren limitava-se a ser um vendedor de gravatas, num balcão. Para trás, ficavam os três anos no exército dos Estados Unidos e a fábrica de roupas e calçado, Brooks Brothers, para onde trabalhou durante um ano. Mas eram as gravatas que lhe moldavam o destino.

Anos antes, no bairro de Bronx, em Nova Iorque, o jovem Ralph vendia gravatas na rua, a vizinhos, colegas e moradores nova-iorquinos. Uma espécie de zunga que ia dando para sobreviver nos duros anos a seguir ao fim da II Guerra Mundial. Pelo meio, enfrentava ainda o ‘bulling’ por ter um apelido que dava a azo a quase tudo: Ralph Lifshit (um palavrão, em língua inglesa). Mas o alvo, nas vendas, eram os homens de negócios. E foi graças a um deles que arranjou o primeiro emprego, atrás de um balcão.

Tudo isso ia aliando com o gosto pelo desenho e pelo desporto. Foi assim que decidiu desenhar uma própria linha especialmente dirigida aos ídolos do baseball e do basquetebol. Nascia a linha ‘Polo’ sobejamente conhecida. Para conseguir apresentar, o que já chamava uma colecção, Ralph mudou de apelido para Lauren, alugou uma sala num dos salões mais prestigiados de Nova Iorque e anunciou (mesmo sem ter concretizado) o nascimento de uma loja. Estava dado o passo, ousado, de empreendedor.

Três anos depois, já apresentava a primeira colecção de camisas, de manga curta, para homens e mulheres. Nascia assim a expressão ‘polo’ para definir as ‘t-shirts’ com golas. Ralph Lauren ia sustentando que se tinha inspirado nos ídolos, desde o sofisticado duque de Windsor, até aos actores Fred Astaire, Frank Sinatra e Cary Grant, ao atleta Joe DiMaggio e ainda ao ex-presidente dos EUA John F. Kennedy. Anos depois, alguns deles – e outros ídolos – iriam mesmo vestir os famosos polos, que se distinguiam pelas cores.

Em 1971, criou a primeira loja em Beverly Hills, o local de excelência na Califórnia, onde residem ‘estrelas’ milionárias do cinema e do desporto. Foi graças a esses contactos previligiados, que os polos de Lauren entraram em filmes, em especial, no ‘Grande Gatsby’, e que lhe abriram as portas para a fama e logo para o sucesso comercial. Diane Keaton, Robert Redford e Woody Allen eram apenas algumas das ‘estrelas’ que não dispensavam os polos de Lauren.

Rapidamente, passou a ser uma figura incontornável na indústria da moda, sobretudo na alta costura. De origem judaica, juntou a cultura religiosa à nativa dos EUA para criar os modelos de roupa. Foi, desde sempre, fiel à sofisticação, que teve o ‘boom’ decisivo na década de 1970. O estilista lançou uma autêntica avalanche de produtos, como roupas infantis, acessórios e, principalmente, uma linha de artigos para casa, desde móveis antigos aos lençóis, com delicados objectos de porcelana e tapetes orientais. Das roupas à decoração de interiores, a intenção de Ralph Lauren era ter uma assinatura que identificasse um estilo de vida e uma forma de estar.

Dos polos, o consolidado empreendedor ‘inventou’ perfumes, criando uma linha própria, em 1981, com duas fragâncias, uma para mulheres e outra para homens que recebeu o nome de... Polo. Lançados ao mesmo tempo, os perfumes entraram facilmente no mercado europeu.

Na década de 1990, Ralph Lauren iniciou a linha desportiva que se destacou, além dos desportos mais populares nos EUA, no golfe. Seguiram-se investimentos em restaurantes com a abertura de três luxuosos, dois em Nova Iorque e outro em Paris, considerada a capital da moda.

No portfolio dos negócios, juntou lojas em várias cidades, nos EUA e na Europa, tem uma fazenda com mais 17 mil hectares no Colorado. Investiu também comunicação social, comprando parte do canal NBC e entregou a presidência do seu ‘império’, mas insistiu em manter-se como director criativo.

Casou com uma antiga recepcionista de um hotel, quando ainda tinha 25 anos, que viria a ter três filhos e a escrever a biografia do empresário. Ricky Loew-Beer tornou-se assim uma escritora, além de professora de dança. Aos 48 anos, Ralph Lauren foi operado a um cancro no cérebro. Hoje, com 77 anos, continua a trabalhar e a coleccionar carros de luxo. Tem mais de 70 das marcas mais famosas. A revista Forbes garante que o estilista tem uma fortuna avaliada em 5,6 mil milhões de dólares. O seu grupo empresarial está cotado na Bolsa de Nova Iorque.

A vida e o sucesso de Ralph Lauren já encheram páginas de revistas. Ao todo, a foto do empresário fez 100 capas de revista, da Time à Forbes, passando pelas chamadas ‘cor-de-rosa’.