“O gospel vai tomar conta dos média”
MÚSICA GOSPEL. Há mais de 30 anos que está ligado à música, garante que o gospel já é auto sustentável, mas adverte que precisa de mais divulgação e distribuição. Já foi descriminado e confundido pelas escolhas e gostos musicais.
A transição da música secular ao gospel causou-lhe algum desconforto?
Na verdade, sempre optei pela música evangélica. Nos Mb Genius, a intenção foi espalhar o evangelho, amor e paz, assuntos relacionados com o dia-a-dia. Sou profissional na música, o meu conceito e princípios são diferentes em relação ao que quase todo o mundo pensa. Sem desrespeito aos outros colegas, a minha visão é diferente no que toca à música secular e evangélica (vulgo gospel). Encontrei várias dificuldades, a aceitação, o desprezo dos amigos cristãos, pensando que estava a afastar-me da música evangélica. Por outro lado, foi muito benéfico, aprendi muito na igreja, na rua e na escola. Na altura, a música evangélica só se escutava na igreja e fora dela só se ouvia nos óbitos.
O que é o documentário ‘África visita África’?
Foi uma das maiores experiências vividas até hoje junto do meu amigo e colega Wiza. Ficámos um mês no Brasil. Tivemos acesso a muita história nossa e sobre a nossa África. Confesso que depois deste documentário, a minha visão musical e perspectiva mudou bastante.
Qual é a força do gospel hoje?
A música gospel, ou evangélica, tem muita força pelo facto de se adaptar a todos estilos desde o blues, jazz, rock, semba, kizomba até dance (kuduro). Pode ser de intervenção, litúrgica, congregacional, romântica e evangélica. Existem, na verdade, várias formas de gospel.
Já se sustenta?
Sou autossustentável minimamente. Não tem sido fácil. Desde os tempos passados, sempre vivi a fazer música profissionalmente.
O que falta para que a música gospel atinja o patamar de outros estilos?
Estamos no bom caminho, já se toca minimamente, precisa-se de mais divulgação e promoção, sobretudo, e temos a maior dificuldade com a distribuição.
Torná-la mais comercial…
Esta música pode e já é comercial por fazer parte da sociedade. O gospel tem vários ‘status’. O que temos ouvido já é para a sociedade. Na igreja, temos os cânticos litúrgicos e congregacionais. Temos a música do lugar santo, e a do pátio (templo e fora do templo). Mas tem muito impacto. É só vermos a dos EUA, Brasil, Congo e África do Sul para compreender o impacto.
Que avaliação faz do estado do gospel?
O gospel actualmente está nas calmas, pouco a pouco, marcando e conquistando cada vez mais espaço. O gospel é a música do futuro, dias virão em que vai tomar conta dos média sem medo de errar. América é um caso palpável, basta vermos Kirk Franklin, Cece Winams, Aretha Franklin, Mahalia Jackson, Fred Hammond, Elvis Presley, Golden Gate Quartet. Poderia ter páginas e páginas a citar nomes de músicos como Andrae Crouch, o movimento gospel no Congo, África do Sul....
Quais são as suas expectativas para os próximos anos?
Continuar a cantar, espalhar o amor de Deus aos homens, cantar a vida evangelizando sempre, falando do nosso dia-a-dia. Projectos são muitos.
Que mensagem espera transmitir com o álbum Conexão Gospel?
‘Conexão Gospel’, na verdade, é um álbum duplo em que separei a música litúrgica congregacional ou cânticos de vários hinários e do gospel (uma música para fora da igreja) com teor evangélico, mas com preocupação social. O disco marca os meus 30 anos de carreira.
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