O legado empresarial do líder histórico da Sonae
LEGADO. Belmiro de Azevedo, falecido a 29 de Novembro de 2017, aos 79 anos, notabiliza-se no mundo empresarial português, em 1974, após ter assumido o controlo da Sociedade Nacional de Estratificados (Sonae), tendo, a partir daí, construído um império que chegou à distribuição, retalho, telecomunicações e a dezenas de países.
Licenciado em Engenharia Química, Belmiro de Azevedo entrou para a Sonae no final da década de 1960. Cerca de 14 anos mais tarde, assume o controlo da empresa, elegendo como primeira tarefa “destruir para depois construir”, como o próprio descreveu no discurso da cerimónia de 50 anos da Sonae.
Ao longo dos anos em que liderou o grupo empresarial que, segundo a imprensa lusa, era apenas um complexo fabril no início, Belmiro de Azevedo conseguiu transformar a Sonae no maior empregador privado português, tendo criado, em média, 6,2 novos empregos em 2016, de acordo com o jornal online ‘Observador’, para um total superior a 40 mil pessoas empregadas no conglomerado que junta a distribuição, as telecomunicações, os serviços financeiros, centros comerciais e a tecnologia. Já sob a liderança do filho, Paulo de Azevedo, que assumiu o cargo em 2007, a empresa aproveitou a crise para se reestruturar e, no ano passado, facturou mais de cinco mil milhões de euros pela primeira vez.
Entretanto, os supermercados Continente continuam a ser a ‘jóia da coroa’ do grupo, tendo facturado, só nos primeiros nove meses do ano, 2,8 mil milhões de euros, de acordo com os dados oficiais, citados pelo ‘Observador’.
Logo ao lado, nos vários centros comerciais que são geridos pela Sonae Sierra, está a Worten, que vendeu 689 milhões no mesmo período. Outras lojas, ligadas ao desporto e vestuário, como a Sport Zone, terão vendido 437 milhões, segundo a imprensa lusa que destaca um aumento nas vendas, em 2016, de 7,2%.
A Sonae tem 23,4% da NOS, uma das principais empresas de telecomunicações do país. E participa, também, na Sonaecom, uma empresa cotada que é dona do jornal Público e da WeDo Consulting, uma das empresas tida como das mais inovadoras em Portugal na área do software empresarial.
Continua a ser na área da inovação que a Sonae investe dinheiro e salários, escreve o ‘Observador’, destacando que a área da pesquisa e desenvolvimento teve um investimento, no ano passado, de 437 milhões de euros, em termos consolidados.
ENTRE OS MAIS RICOS DO MUNDO
Na última lista divulgada pela revista norte-americana Forbes, em 2017, Belmiro de Azevedo surge na posição 1.376, com 1,26 milhões de euros de património. 10 anos antes, em 2007, a fortuna do líder da Sonae era superior em 64 milhões de euros.
Já na lista dos homens mais ricos de Portugal, publicada pela revista EXAME, os valores variam sensivelmente. De acordo com a lista, nos últimos 10 anos, a fortuna de Belmiro de Azevedo atingiu o valor mais alto em 2007, com 2.989,3 milhões de euros. Foi também a única vez, durante a última década, em que teve o título de “homem mais rico de Portugal”.
Tal como é também revelado pelos valores calculados pela Forbes, foi em 2012 que o património do líder da Sonae atingiu o valor mais baixo dos últimos 10 anos, estimado em 680 milhões de euros, uma cifra que o tirou do pódio.
Colocando de parte os dois anos em que foram atingidos o valor mais baixo e mais alto, nos anos que se seguiram, até 2017, os números variaram entre 1,15 e 1,72 mil milhões. Também os lugares ocupados na lista foram mudando: Belmiro de Azevedo esteve quase sempre no pódio, excepto em 2017, 2016, 2013 e 2012 em que ficou com o quarto lugar.
COM ANGOLA...
Belmiro de Azevedo não era apenas polémico quando abordava a política portuguesa. Durante anos, acusou o Governo angolano de ter criado um “regime baseado na cleptocracia”, rejeitando fazer negócios com Angola. Mas foi obrigado a ceder. Em 2010, criou, com Isabel dos Santos, a operadora móvel NOS, que resultou da fusão da ZON, com a Optimus, na altura detida pela Sonae. A partir daí, Belmiro de Azevedo estabelece parcerias com a empresária angolana. Numa delas, quase que resultava na criação de uma cadeia de hipermercados idêntica à do Continente, em Portugal. Mas Isabel dos Santos preferiu ‘caminhar’ sozinha: formou o Candando e retirou à Sonae os seus principais gestores das cadeias de lojas.
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