ONU defende mais economias abertas
DESENVOLVIMENTO. No topo: a Noruega. Cá para baixo: a República Centro-Africana. O Relatório do Desenvolvimento Humano da ONU justifica as diferenças com os modelos económicos aplicados e chama a atenção para as desigualdades. O relatório defende um maior incremento do comércio internacional.
As economias abertas e com poucas medidas proteccionistas têm provocado crescimentos económicos em muitos países, defende o autor do Relatório do Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU), apresentado, na semana passada, em Estocolmo. “A abertura das últimas décadas tem conduzido, na maior parte dos casos, a um crescimento económico e desenvolvimento humano”, explicou o autor do relatório, Selim Jahan, numa sessão com jornalistas em Nova Iorque, EUA.
Selim Jahan critica a onda de nacionalismo e proteccionismo a que se assiste em vários países como “uma preocupação”, mas sublinhou que “a situação ainda está a evoluir e existirá sempre variações dentro de regiões e países”. “Há outras ameaças como as mudanças climáticas, o ressurgimento de epidemias globais, como o Ébola e o Zika, ou a resistência a antibióticos que estamos a desenvolver. Quanto à situação política, é prematuro prever, só sabemos da existência de ameaças”, explicou o especialista.
O relatório deste ano é dedicado ao tema ‘desenvolvimento humano para todos’ e lembra o progresso feito nos últimos 25 anos, em 188 países.
A Noruega consolidou a liderança do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), seguida da Austrália e Suíça, enquanto a República Centro-Africana caiu para o fundo da tabela, segundo o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O documento mostra que a Noruega regista um IDH de 0,949, superior ao da última edição (0,944), apresentada em Dezembro de 2015.
A Suíça, que antes ocupava a terceira posição da tabela, com um IDH de 0,930, subiu para o segundo lugar, com um IDH de 0,939, igual ao da Austrália, que se manteve na mesma posição.
No final da tabela, em 188.º lugar, com um IDH de 0,352, surge a República Centro-Africana, que antes estava na penúltima classificação. O Níger, que, no relatório anterior, tinha ficado em último lugar, subiu à penúltima posição.
No antepenúltimo lugar, está agora o Chade, uma posição abaixo daquela que tinha no relatório anterior. A Eritreia, que no último documento estava em 186.º lugar, subiu para 179.º.
É preciso identificar os que foram “deixados para trás” como os pobres, os marginalizados e os grupos vulneráveis, as minorias étnicas, os povos indígenas, os refugiados e os migrantes, regista o relatório da ONU que ainda identifica as barreiras que se colocam às mulheres, negando-lhes “oportunidades e a capacidade necessários para desenvolver ao máximo o potencial das suas vidas”.
O PNUD propõe uma resposta em quatros eixos, à escala nacional: responder aos que ficaram para trás através de políticas universais, desenvolver medidas dirigidas aos grupos com necessidades especiais, construir um desenvolvimento humano resiliente e dar poder aos excluídos.
A ONU salientou a importância de serem cumpridos estes objectivos, mas também outros acordos mundiais, como o de Paris, sobre as mudanças climáticas, ou a cimeira das Nações Unidas sobre os refugiados.
Apesar da carga negativa, a ONU regista, no entanto, que, nas últimas décadas, o “mundo alcançou objectivos que pareciam impossíveis. Mais de mil milhões de pessoas saíram de uma situação de pobreza extrema e a mortalidade de crianças até aos cinco anos baixou para menos da metade”.
Para a ONU, a abertura de fronteiras para o comércio internacional será decisivo para se atingir o desenvolvimento e alerta que se deve “ter uma visão simplista de que, se houver comércio, haverá desenvolvimento”.
O relatório indica ainda que mais de 244 milhões de pessoas vivem fora do país de origem e, destes, 65 milhões são deslocados forçados, que enfrentam condições extremas e, frequentemente, violência nos locais de acolhimento.
Todos os países de expressão portuguesa mantiveram ou melhoraram a sua posição no IDH.
Depois de Portugal, na posição 41.º, o Brasil continua a ser o país de expressão portuguesa mais bem colocado, em 79.º, enquadrado no grupo dos países de desenvolvimento humano elevado.
Cabo Verde, no 122.º lugar, Timor-Leste, no 133.º, e São Tomé e Príncipe, no 142.º, mantêm as posições e estão no grupo de desenvolvimento médio. Angola, no 150.º, continua no grupo de baixo desenvolvimento (uma posição abaixo da Síria, um país em guerra), e é acompanhada, nesta classe, pela Guiné-Bissau (que sobe uma posição, para 178.º) e Moçambique (que sobe uma posição para 181.º).
Os mais e os menos
1 ................................................. Noruega
2 ..................................................... Suíça
3 ................................................. Austrália
4 ............................................. Dinamarca
5 ................................................. Holanda
6 ................................................... Irlanda
7 ....................................... Estados Unidos
8 .................................................. Canadá
9 ........................................ Nova Zelândia
10 ............................................ Singapura
11 .......................................... Hong-Kong
12 ............................................ Liechstein
13 ................................................. Suécia
14 .......................................... Reino Unido
15 ............................................... Islândia
16 ......................................... Coreia do Sul
17 ................................................... Israel
18 ......................................... Luxemburgo
19 ................................................... Japão
20 ................................................ Bélgica
186 ................................................ Chade
187 ................................................. Níger
188 ................. República Centro-Africana
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