Pequenos negócios, rendimentos sobre rodas
TRANSPORTE. Pegar numa mota e transformá-la num táxi tem sido alternativa para quem quer ter negócio próprio e não depender apenas do salário mensal. Em Luanda, já há empresa de moto-táxis que vão sobrevivendo mesmo com a crise. Em todo país, há mais de 300 mil registados na associação que os coordena.
Um moto-taxista em Luanda pode facturar 6.000 kwanzas durante o dia. Multiplicando por 30 dias, atingindo os 180 mil kwanzas, para quem trabalha todos o mês, o que tem motivado muitos jovens a optarem por se tornar independentes, em vez de serem apenas assalariados. A Amotrang (Associação de Motoqueiros Transportadores de Angola) controla em todo o país, 309 mil motoqueiros. Na capital, tem registados 28.431 moto-táxis.
Podem fazer parte da Amotrang todos os motoqueiros, organizados ou não. Como membros, beneficiam de facilidades como formação contínua em código de estrada, assistência médica em caso de acidente, para o motoqueiro e o lesado e, nalguns casos, assistência fúnebre, quando se confirma que os danos são da responsabilidade do moto-táxi. Cada membro tem direito a um colete com o número do cadastro, um cartão, desde que tenha todas as quotas pagas.
A associação tem fiscais em todos os pontos de paragens, em que tem membros que facilitem a cobrança para não se deslocarem aos bancos. O valor mensal da quota é de 3.000 kwanzas.
O número de jovens tende a crescer, muito devido à falta de emprego, outros por gosto, e há ainda quem prefira ser patrão e abrir o seu próprio empreendimento. Como é o caso dos irmãos Vunge, que, em 2011, decidiram abrir a própria empresa. Na altura, Isaías Vunge tinha oito motas e decidiu convidar o irmão Nelson a abrir a empresa. Depois de tratados todos os documentos, os dois ainda criaram empregos para oito pessoas: dois para o escritório ‘Is Vunge’ que se situa na descida do Zamba 2, quem sai do hospital do Prenda, e seis moto-táxis. A pequena empresa, que presta serviços nas áreas de táxi, estafeta e auxílio ou prestação de serviço, recebe diariamente dos seis moto-táxis cinco mil kwanzas, totalizando uma facturação avaliada em 30 mil kwanzas dia, perfazendo um valor aproximado de 660 mil kwanzas mensais.
De acordo com Nelson Vunge, o negócio já “esteve melhor”. Mas ,desde há algum tempo, baixou um pouco pelo surgimento de moto-taxistas um pouco por toda a parte. No entanto, entende que “ainda compensa fazer um investimento no negócio”, apesar de enfrentarem problemas como a “pouca facturação” e ladrões. Este ano, foram roubadas duas das oito motos.
Os preços das rotas, no centro da cidade, são taxados a 500 kwanzas e, para fora, como em Talatona, Centralidade do Kilamba, Viana e Cacuaco, o valor pode chegar até 2.500 por viagem. Aos sábados, domingos e feriados, o valor também vai sendo alterado.
Boa parte começa a jornada por volta das cinco e meia da manhã e termina o trabalho entre as 18 e as 19 horas. Há quem ainda tenha clientes fixos que não dispensam um meio rápido que poucas vezes enfrenta engarrafamentos.
Aos 23 anos, Bruno William é dono de uma mota e encontrou uma forma “mais digna” de sobreviver e sustentar a família. Tem um rendimento diário de aproximadamente seis mil kwanzas. O jovem, que trabalha nesta área há dois anos, prefere continuar a trabalhar como moto-taxista a depender de, por exemplo, um salário de 50 mil kwanzas ou menos, porque o valor que arrecada é maior em relação aos que as empresas oferecem. A sua jornada começa mais tardar às seis horas da manhã e termina entre as 17 horas as 19 horas, dependendo do número de clientes.
Já Leandro Gama, de 20 anos, actualmente é um ‘falideiro’, alguém que trabalha com a mota de outra pessoa. Está no negócio há cerca de três anos. É a partir daí que consegue satisfazer todas as necessidades financeiras. Quando se lhe colocam as opções entre trabalhar como empregado ou ser empregador prefere ser empregador. O jovem está a juntar algumas economias para terminar os estudos e posteriormente estar empregado. Como ‘falideiro’ tem de entregar cinco mil kwanzas ao dono da moto e fica apenas com dois ou três mil kwanzas dependendo do rendimento do dia.
Além dos moto-taxistas, pelo interior dos bairros, ainda circulam os famosos kupapatas que recolhem os clientes à entrada das zonas, sobretudo de difícil acesso, e cobram entre os 150 e os 200 kwanzas por cada viagem, que podem render diariamente acima dos três mil kwanzas.
JLo do lado errado da história