Petróleo afunda e já cai mais de 11% em 12 dias
Ao longo de 12 sessões o WTI em Nova Iorque desvalorizou 13,5%. A 26 de Outubro estava não muito longe de máximos de quatro anos e agora já está a ser transaccionado no nível mais baixo desde Fevereiro.
A promessa da Arábia Saudita de cortar a produção em 500 mil barris por dia não foi suficiente para estancar a queda nas cotações do petróleo.
A matéria-prima está a afundar desde a manhã desta terça-feira (13), registando quedas de cerca de 2%, reagindo à pressão de Donald Trump sobre a OPEP. O WTI em Nova Iorque está a descer 2,4% para 58,49 dólares, marcando já a 12.ª sessão seguida de perdas. Segundo a Bloomberg, nunca na história tinha ocorrido um período tão longo de perdas.
Ao longo destas 12 sessões de quedas o WTI em Nova Iorque desvalorizou 13,5%. A 26 de Outubro estava nos 67,59 dólares, não muito longe do máximo de quatro anos atingido no início do mês passado nos 76,90 dólares.
Agora já está a ser transaccionado no nível mais baixo desde Fevereiro. No Brent, que é negociado em Londres e serve de referência às importações portuguesas, a tendência é semelhante. A cotação da matéria-prima desce pela sexta sessão seguida e nas últimas 12 acumulou uma queda de 11,7%.
Antes de iniciar este ciclo de quedas (a 26 de Outubro) estava nos 77,62 dólares, perto de máximos de quatro anos que atingiu em 3 de Outubro nos 86,74 dólares.
Hoje está cair 2,25% para 68,54 dólares, o que corresponde ao nível mais baixo desde Abril. A desvalorização desta terça-feira está a ser justificada pelos analistas com a pressão que Donald Trump está a exercer sobre a Arábia Saudita para não cortar a produção.
A subida do dólar para máximos de 18 meses também explica a descida das cotações, já que a força da moeda norte-americana retira atractividade ao investimento em matérias-primas. Ontem (12) a matéria-prima estava a subir depois da Arábia Saudita ter anunciado um corte na sua produção de 500 mil barris por dia. Perto do final da sessão Donald Trump colocou um tweet sobre o petróleo e as cotações inverteram de imediato, passando para terreno negativo.
"Esperançosamente, a OPEP e a Arábia Saudita não vão cortar a produção de petróleo", escreveu Donald Trump no Twitter, assinalando que, na sua opinião, "os preços do petróleo deveriam ser muito mais baixos tendo em conta a oferta". O presidente dos EUA estava a responder à Arábia Saudita.
O ministro da Energia, Khalid Al-Falih, disse aos jornalistas no domingo que Riade irá cortar já a sua produção em 500 mil barris por dia a partir de Dezembro. E defendeu que a OPEP, na reunião que terá lugar em Viena em Dezembro, deveria adoptar uma decisão semelhante, reduzindo a produção em 1 milhão de barris por dia. No jogo de condicionar as cotações do petróleo com as palavras, Trump está claramente a sair vitorioso.
Os sauditas já se comprometeram a reduzir a produção em 500 mil barris e os preços continuam a cair. Do lado dos EUA já estão as sanções ao Irão em vigor e, mesmo com menos petróleo disponível no mercado, os preços estão a cair.
A contribuir para a depreciação desta matéria-prima está o aumento da oferta – a par com uma subida das reservas norte-americanas de crude – e os receios de uma desaceleração do crescimento económico a nível mundial, o que deverá provocar uma diminuição na procura por petróleo.
Além disso, a entrada em vigor das sanções ao Irão chegou, mas com excepções a países como o Japão, a China, a Turquia e a Índia, o que permite o escoamento da produção iraniana, ao contrário do que se temia anteriormente. Essas sanções tinham levado o petróleo para máximos de quatro anos.
A pressão de Trump sobre a OPEP tem sido constante durante os últimos meses. A própria produção dos EUA deverá atingir recordes este ano assim como os inventários norte-americanos que sobem há sete semanas.
Numa conferência de imprensa na semana passada, citada pela Forbes, o presidente norte-americano reclamava para si os louros: "Se olharmos para os preços do petróleo, estes têm descido de forma substancial nos últimos meses", disse, referindo isso era da sua responsabilidade. "Há um monopólio chamado OPEP e eu não gosto desse monopólio", acrescentou.
Esta queda dos preços do petróleo ocorreu precisamente num período que antecedeu as eleições intercalares nos Estados Unidos onde o preço da gasolina é um factor bastante sensível.
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