COM INVESTIMENTO DE 10 MILHÕES USD DA SOLUTIONS ENTERPRISES

Petrolíferas vão reduzir 30% de custos com abertura de fábrica de apoio

PETRÓLEO. Prestadora de serviço à indústria petrolífera reabriu instalações na SONILS e reforçou capacidade no fornecimento de equipamentos subaquáticos. Investimento de 10 milhões de dólares já tem clientes e vai apoiar produção de petróleo no projecto Kaombo. Ministério dos Petróleos saúda iniciativa.

Um investimento de 10 milhões de dólares da Aker Solutions Enterprises, aplicado na reabertura de uma unidade fabril de montagem e testes de equipamentos subaquáticos, poderá reduzir a pressão sobre os custos de produção aos operadores do sector petrolífero angolano, de acordo com Pedro Ribeiro, director-adjunto da Total e responsável pelo Bloco 32.

Da iniciativa da Aker Solutions e da Prodiaman, o projecto foi inaugurado na semana passada e visa, “essencialmente, alargar a capacidade de montagem e testes de equipamentos subaquáticos que serão utilizados na produção de petróleo no projecto Kaombo”, da responsabilidade da companhia petrolífera francesa Total.

“Este investimento insere-se num projecto que já tinha sido aprovado, em 2014, o Projecto Kaombo. O próximo passo de trabalho, com a Sonangol, com a indústria no geral e com os nossos parceiros, é mais na fase dos 20 anos de produção”, considera Pedro Ribeiro, gestor da petrolífera francesa e um dos clientes da Aker Solutions na tecnologia dos equipamentos subaquáticos.

Ao avaliar os custos actuais na produção petrolífera, Pedro Ribeiro anteviu um futuro “menos oneroso para os operadores”, a julgar pelo que as empresas deixam de importar e pelo que a Aker Solutuions se compromete a oferece em matéria de serviços.

“Não tenho uma estimativa exacta, mas, hoje em dia, podemos pensar que, ao transferir [as operações para Angola], pode conseguir-se economias de 20 a 30%. Mas toda a indústria ainda está numa fase de transição. Temos de acompanhar para conseguir esses objectivos”, disse o responsável, em resposta a uma pergunta do VALOR sobre o impacto da reabertura da fábrica de subaquáticos na indústria nacional.

Para o Ministério dos Petróleos, a acção tem “grande significado” a julgar pela natureza do negócio, que, apesar do actual contexto de incertezas económicas, junta investidores nacionais e estrangeiros, numa iniciativa que “dá empregos a vários jovens angolanos” e ajuda a poupar nos recursos das empresas.

“A montagem de peças bastantes sofisticadas no nosso país vai proporcionar a redução de custos. Muita gente pode pensar que algumas coisas ficam mais caras feitas aqui, mas, no contexto geral, tendo em conta que também vai empregar muitos jovens, no fundo, compensa tudo”, disse o secretário de Estado dos Petróleos, Aníbal Silva.

A reaberta unidade de apoio à indústria petrolífera está localizada dentro das instalações da base da SONILS, acrónimo inglês de Sonangol Integrated Logistic Services, onde vai operar e montar os equipamentos subaquáticos, além de assistência técnica a vários aparelhos específicos do sector.

Estas instalações vão permitir fazer a manutenção e demais assistências de equipamentos em Angola, “em vez de ter de os mandar para o exterior, o que baixa os custos de operação especificamente. Mas os custos na indústria petrolífera não são só esses”, sublinhou o gestor da Total.

APOSTA 'CONTEÚDO LOCAL'

De acordo com Pedro Godinho, parceiro do negócio, o projecto é a concretização de uma estratégia do Ministério dos Petróleos, designada ‘conteúdo local’, cujos objectivos visam assegurar que os empresários nacionais tenham acesso às parcerias, tecnologias e ‘know-how’ para desenvolver projectos estruturantes.

Por seu turno, e à semelhança de Pedro Godinho, Pedro Ribeiro considera que o conteúdo local ajuda a baixar custos. “É importantíssimo. E tem duas componentes: uma industrial, onde o tecido nacional tem de ser capaz de executar tudo de maneira segura e eficiente e com custos competitivos.”

“Depois, existe outro quadro que é fiscal e contratual, do qual temos um diálogo com a Sonangol, Ministério dos Petróleos, das Finanças, para conseguirmos então relançar a indústria em Angola”, defende o director e responsável do Bloco 32 da Total.

BASE DE SERVIÇOS EM VIANA

Para os donos da iniciativa, a construção da base de serviços para assistência técnica (manutenção e reparação), em Viana, é o próximo passo do projecto, um investimento que, segundo a gestão, poderá custar 25 milhões de dólares, tornando Angola no “único país na África subsaariana com este tipo de tecnologia, assegurando que os referidos equipamentos deixem de ser reparados no exterior do país”.

Resultante da fusão entre a norueguesa Aker Solutuion (49%) e a angolana Prodiaman Oil Services (51%), a Aker Solutuion Enterprises tem um contrato de fornecimento de equipamentos subaquáticos para a produção de petróleo destinados ao projecto Kaombo, localizado no bloco 32 do mar de Angola.