Preço dos fretes poderá disparar com bloqueio em Xangai
O preço dos fretes poderá disparar nos próximos meses, impulsionado pelo bloqueio verificado nos portos asiáticos, mas ainda assim deverá ser inferior ao nível registado no último trimestre de 2021, indicou a associação dos transitários.
“É provável que esta relação do preço e do prazo volte, outra vez, a disparar”, afirmou o presidente executivo da Associação dos Transitários de Portugal (APAT), António Nabo Martins, em declarações à Lusa.
O bloqueio nos portos asiáticos decorre há cerca de duas semanas, potenciando um aumento do prazo do transporte e dos preços, uma vez que “vamos continuar a ter procura, mas não há oferta”, explicou.
Ainda assim, os acréscimos deverão ser inferiores aos registados no último trimestre do ano passado, durante a pandemia de covid-19, altura em que se registaram subidas que chegaram a ultrapassar os 1.000%.
O presidente executivo da APAT não antecipou a percentagem das subidas, sublinhando que o bloqueio “é muito recente”, devendo-se à política de “covid zero”, adoptada pela China.
“Aqui já temos que avaliar não apenas o transporte ou o frete marítimo, mas a cadeia logística que está envolvida […]. Deverá ser um aumento da cadeia de transportes generalizado e não apenas de uma parte desta cadeia”, referiu.
António Nabo Martins lembrou que, entre Dezembro de 2021 e Janeiro de 2022, os preços dos fretes começaram a regredir, tendo estabilizado, na casa dos 10.000 dólares, muito acima dos valores habituais.
Em Abril, perante a escalada energética, o valor dos fretes voltou a aumentar ligeiramente, embora tenha variado consoante o armador.
“Alguns aumentaram de forma residual e apenas o que consideraram ser a taxa dos combustíveis, outros aumentaram mais e outros praticamente nada. Não foi um aumento médio, mas houve companhias que aumentaram entre 5% e 10%”, adiantou.
De acordo com a associação, o sector tem lidado com estes aumentos “com muita dificuldade”, tendo procurado soluções alternativas ao transporte marítimo, que representa entre 80% a 85% do transporte de bens para Portugal, Europa e América.
As ligações ferroviárias entre a China e a Europa começaram a ser consideradas, mas, perante a guerra na Ucrânia, alguns corredores foram cancelados e as mercadorias foram transitadas pelo modo aéreo, encarecendo o valor.
“Estes métodos alternativos são mais caros e o sector […] tem tentado optar pela melhor forma, sendo que os preços são sempre mais altos e repercutidos no preço final”, apontou.
Lusa
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