ANGOLA GROWING
QUEREM DAR EXEMPLOS EM ECONOMIAS EM CRISE

Presidentes cortam nos salários

05 Feb. 2018 Emídio Fernando Mundo

CONTENÇÃO. Com economias em crise, muitos líderes optaram por dar um exemplo: reduziram os salários. O último a fazê-lo foi o liberiano George Weah, mas o mais emblemático acabou por ser Mujica que dispensou todas as mordomias.

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Antigo futebolista, construiu uma fortuna a jogar pelos clubes europeus Paris Saint Germain e Ac Milan, foi considerado melhor jogador do mundo em 1995 e sonhou ser presidente do país onde nasceu, a Libéria.

George Weah conseguiu concretizar esse sonho, mas que depressa se transformou num pesadelo quando olhou para as contas do Estado. Foi empossado no mês passado e, como primeira medida, sentiu-se obrigado a reduzir salário e benefícios. E logo em 25%. No anúncio, alertou para o mau estado da economia: “A nossa economia está falida. O nosso Governo está falido. A nossa moeda numa queda livre. A inflação a subir. O desemprego nunca foi tão alto e as nossas reservas estrangeiras nunca foram tão poucas”. Os 25%, cerca de 22.500 dólares anunais, vão engrossar um fundo de desenvolvimento que ele próprio criou para a Libéria. George Weah venceu as eleições presidenciais em Dezembro, sucedendo a Ellen Johnson Sirleaff. Durante a campanha, tinha prometido um férreo combate à corrupção endémica, na república mais antiga de África, criada, em 1847, por escravos libertados pelos EUA.

A medida de George Weah não é inédita no mundo, nem sequer em África. Para dar exemplo, vários líderes recorrem aos próprios cortes salariais. Recentemente, foi o presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, que cortou o salário dele e do vice, passando a receber 70 mil dólares anuais, contra os 100 mil anteriores. Buhari, depois de ter liderado um golpe militar e de três tentativas para chegar à presidência, acredita que vai restaurar a economia local.

Muito antes de Buhari, na Guiné-Bissau, em 2004, o ex-presidente Henrique Rosa aceitou passar a receber apenas 755 euros, contra os 3.280 anteriores. A medida atingiu todos os membros do executivo guineense e de cem deputados.

Em 2017, o presidente do Egipto, Abdel Fattah al-Sisi, por causa da “difícil situação económica”, cortou para a metade o salário, com um anúncio solene, durante uma cerimónia militar: “Doarei ao Estado metade de meu salário, assim como a metade da fortuna que herdei de minha família”. “Não há dinheiro e são necessários grandes sacrifícios”, afirmou Sisi, num discurso que foi visto como o início de uma campanha que serviu para preparar a população para as reduções das despesas públicas.

Em África, de acordo com o jornal Daily Monitor, o presidente mais bem pago é o dos Camarões, que ganha, por ano, 620 mil dólares, mais de 51 mil dólares mensais. Angola aparece na 16.ª posição (atrás da Nigéria e Libéria), com o presidente a auferir 81 mil dólares anuais.