Presidentes cortam nos salários
CONTENÇÃO. Com economias em crise, muitos líderes optaram por dar um exemplo: reduziram os salários. O último a fazê-lo foi o liberiano George Weah, mas o mais emblemático acabou por ser Mujica que dispensou todas as mordomias.
Antigo futebolista, construiu uma fortuna a jogar pelos clubes europeus Paris Saint Germain e Ac Milan, foi considerado melhor jogador do mundo em 1995 e sonhou ser presidente do país onde nasceu, a Libéria.
George Weah conseguiu concretizar esse sonho, mas que depressa se transformou num pesadelo quando olhou para as contas do Estado. Foi empossado no mês passado e, como primeira medida, sentiu-se obrigado a reduzir salário e benefícios. E logo em 25%. No anúncio, alertou para o mau estado da economia: “A nossa economia está falida. O nosso Governo está falido. A nossa moeda numa queda livre. A inflação a subir. O desemprego nunca foi tão alto e as nossas reservas estrangeiras nunca foram tão poucas”. Os 25%, cerca de 22.500 dólares anunais, vão engrossar um fundo de desenvolvimento que ele próprio criou para a Libéria. George Weah venceu as eleições presidenciais em Dezembro, sucedendo a Ellen Johnson Sirleaff. Durante a campanha, tinha prometido um férreo combate à corrupção endémica, na república mais antiga de África, criada, em 1847, por escravos libertados pelos EUA.
A medida de George Weah não é inédita no mundo, nem sequer em África. Para dar exemplo, vários líderes recorrem aos próprios cortes salariais. Recentemente, foi o presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, que cortou o salário dele e do vice, passando a receber 70 mil dólares anuais, contra os 100 mil anteriores. Buhari, depois de ter liderado um golpe militar e de três tentativas para chegar à presidência, acredita que vai restaurar a economia local.
Muito antes de Buhari, na Guiné-Bissau, em 2004, o ex-presidente Henrique Rosa aceitou passar a receber apenas 755 euros, contra os 3.280 anteriores. A medida atingiu todos os membros do executivo guineense e de cem deputados.
Em 2017, o presidente do Egipto, Abdel Fattah al-Sisi, por causa da “difícil situação económica”, cortou para a metade o salário, com um anúncio solene, durante uma cerimónia militar: “Doarei ao Estado metade de meu salário, assim como a metade da fortuna que herdei de minha família”. “Não há dinheiro e são necessários grandes sacrifícios”, afirmou Sisi, num discurso que foi visto como o início de uma campanha que serviu para preparar a população para as reduções das despesas públicas.
Em África, de acordo com o jornal Daily Monitor, o presidente mais bem pago é o dos Camarões, que ganha, por ano, 620 mil dólares, mais de 51 mil dólares mensais. Angola aparece na 16.ª posição (atrás da Nigéria e Libéria), com o presidente a auferir 81 mil dólares anuais.
BCI fica com edifício do Big One por ordem do Tribunal de...