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EMBAIXADA DA ITÁLIA ASSINALA 50 ANOS DE UM FILME RODADO EM ANGOLA

Quando Ettore Scola passou por Angola

CINEMA. No quadro das celebrações da 18.ª Semana da Língua Italiana, a embaixada da Itália em Angola promoveu conferências e exibiu dois filmes com realce para ‘Riuscirano i Nostri Eroi a Ritrovare L’amico Misteriosamente Scomparso in Àfrica’ do realizador Ettore Scola, filmado em 1968, entre Angola e Itália.

 

Quando Ettore Scola passou por Angola

O filme ‘Os nossos heróis poderão encontrar um amigo misteriosamente desapontado com África’ celebra 50 anos. Foi realizado em 1968, pelo aclamado Ettore Scola e tinha um elenco composto por Nino Manfredi, Alberto Sordi e Bernard Blier. A acção decorre entre Luanda, Malanje e Namibe e Itália, entre fantasia e aventura. A embaixada da Itália quis lembrar os 50 anos da produção do filme e integrou-o em conferências e debates que entraram na agenda da 18.ª Semana da Língua Italiana.

‘Riuscirano i NostriEroi a RitrovareL’amico Misteriosamente Scomparso in Àfrica’ (título no original) narra a aventura de ‘Fausto di Salvio’ (Alberto Sordi) e ‘Ubaldo Palmarini’ (Bernard Blier), na procura, em Angola, do cunhado de ‘Salvio’, de quem não têm notícias há anos.

Entre aventurosas peripécias, acabam por encontrá-lo no Namibe. Tentam a todo o custo convencê-lo a voltar para casa, onde a sua esposa e o bem-estar esperam por ele. Mas sem êxitos, pois os costumes de uma vida em África criaram laços inquebráveis.

Mesmo depois de estar a bordo de um navio, Fausto di Salvio ou melhor, José Maria como foi baptizado, lançou-se ao mar de volta, a sua nova família, deixando toda uma vida constituída e na Itália.

De acordo com a historiadora italiana Giulia Stripoli, Ettore Scola é um dos directores mais importantes da história do cinema italiano, que assina, nesta película, uma das poucas comédias italianas focadas no colonialismo e no colapso do ideal ocidental.

‘Nafita’, segundo o embaixador da Itália em Angola, Cláudio Miscia, há vários níveis de análise e compreensão e vários níveis de críticas também.

Por ter sido Itália o primeiro país europeu a reconhecer a independência de Angola em 1976, o diplomata garante que, antes disso, já havia laços de amizade, que podem ser comprovados com a realização do filme.

Para Carmo Neto, director da UEA, o filme faz uma retrospectiva da forma como as populações viviam. E do ponto de vista histórico é um “documento muito importante”, onde “se pode ter uma visão mais directa, do período colonial”.

Carmo Neto lembra que o filme ainda mostra o “que é belo da nossa natureza, como as quedas de Kalandula, em Malanje, o verde de Luanda antiga, contrariamente ao que temos hoje, e no Namibe, a sua fauna e flora”. Garante que “é de fácil leitura” a desigualdade social, embora existisse igualmente alguma convivência entre os portugueses na condição de colonizadores e os angolanos colonizados.