ANGOLA GROWING
DEVIDO A ACORDO DE CONFIDENCIALIDADE

Quantum Global não revela ganhos com o FSDEA

GESTÃO DE FUNDOS. Jean-Claude Bastos Morais não avança o que recebeu do FSDEA para a gestão de activos dessa entidade. E justifica com um “acordo de confidencialidade” com a anterior gestão de Filomeno dos Santos. Gestor critica actuação da autoridade mauriciana.

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Uma cláusula de confidencialidade assinada entre a gestão da Quantum Global (QG) e o Fundo Soberano de Angola (FSDEA) impede Jean-Claude Bastos Morais de revelar quanto recebeu do organismo estatal e o quanto lucrou com a gestão dos activos.

O presidente e fundador do grupo QG respondeu ao VALOR sobre quanto tinha ganho com a gestão de carteiras de investimentos do Fundo Soberano. “A Quantum Global é incapaz de revelar os montantes recebidos ou os montantes devolvidos ao cliente devido às cláusulas de confidencialidade dentro do nosso acordo com o cliente. Isso explica por que motivos nos temos limitado a um resumo geral dos resultados da nossa gestão, que resultou em um aumento no valor dos fundos sob gestão, e forte, acima dos retornos do ‘benchmark’”, justificou.

Por outro lado, Morais remeteu para o Governo ou para a nova gestão do FSDEA a certificação do valor obtido durante o período em que vigorou o contrato de gestão. Segundo o gestor, as contas do FSDEA referentes ao terceiro trimestre também ajudam a medir o desempenho da gestão da QG.

“Deviam dirigir quaisquer dúvidas sobre o valor preciso desses investimentos directamente ao FSDEA. Para obter informações sobre o desempenho do FSDEA, referimos os resultados mais recentes do FSDEA relativos ao terceiro trimestre de 2017, publicados a 20 de Dezembro de 2017”, aponta o gestor.

Entretanto, numa nota publicada no site em que explica as razões do seu afastamento pela nova administração do FDSDEA na gestão de activos desta entidade, a QG afirma que a rescisão nada tinha que ver com o desempenho da carteira, acrescentando que esta tinha aumentado em valor e “gerou retornos fortes, acima do ‘benchmark’, sob a administração da Quantum”.

Uma informação veiculada pelo matutino suíço ‘Dimanche’ calculou que o Quantum Global geria a maioria do dinheiro do FSDEA. Dos cinco mil milhões de dólares de capital do Fundo Soberano, pelo menos, três mil milhões tinham sido direccionados para sete fundos de investimentos nas Ilhas Maurícias.

Até ao terceiro trimestre de 2017, o FSDEA registou lucro de 40,5 milhões de dólares, “originado do desempenho favorável e predominante das aplicações em títulos e valores mobiliários, que geraram uma margem bruta de 117,5 milhões”, segundo um resumo das contas da entidade no período.

Já os activos evoluíram para 5,03 mil milhões de dólares, quando, na sua constituição, só valiam cinco mil milhões.

QG investigada…

Para além do afastamento da empresa de Bastos Morais na gestão de uma carteira de activos do FSDEA, decorre uma investigação nas Ilhas Maurícias contra a mesma empresa. Aliás, essa autoridade já bloqueou acima de 50 contas dos negócios do empresário.

Em reacção, a QG diz que remeteu um pedido de esclarecimento à Unidade de Investigação Financeira daquele país, sobre as acusações contra o grupo, que tem visto os seus negócios prejudicados.

“A Quantum Global solicitou formalmente à Unidade de Investigação Financeiro (UIF) e à Comissão de Serviços Financeiros (CSF) das Ilhas Maurícias, para fornecer ao tribunal uma explicação completa sobre as acções que levaram à suspensão de licenças da empresa, e o congelamento das suas contas bancárias. Nem o FIU nem o FSC forneceram os detalhes sobre as causas subjacentes, apesar dos nossos repetidos pedidos de informação. Isto explica por que razão recorremos ao tribunal, para permitir que a empresa receba uma audiência justa contra o caso”, conta Bastos Morais, acrescentando que a audiência no tribunal estava marcada para a última sexta-feira, 20.

“É difícil nos defendermos contra acções das autoridades quando as acusações não são claras”, critica.

…Mas gere sete fundos

Apesar das acusações nas Ilhas Maurícias, Jean-Claude Bastos Morais tem ainda para gerir sete fundos de ‘private equity’, sedeadas nas Ilhas Maurícias ,em que o “FSDEA é co-investidor”. Segundo o presidente do grupo, o mandato cancelado pelo Governo “está relacionado com a classe de activos múltiplos, geridos pela Quantum Global Investment Management Ltd em Zug, Suíça”.