Sindicato denuncia “máfia” na gestão da TCUL
TRANSPORTEs. Autocarros circulam sem documentação e sem seguro. Sindicalistas apresentaram queixa ao Igae e denunciam esquemas para a apropriação de veículos.
Um alegado esquema de transferência de titularidade de autocarros da TCUL para a esfera privada estará a ser montado por gestores da empresa, segundo uma denúncia da comissão sindical da transportadora que deu entrada na Inspecção Geral da Admnistração do Estado (Igae).
Entre os indícios da alegada “máfia”, os sindicalistas apontam a falta de documentação da frota da empresa, omissão que consideram “propositada”, já que facilita a passagem dos meios da tutela do Estado para interesses privados. “Dentro de três anos, as viaturas vão passar do sector público para o privado, sendo que estas empresas privadas são desta máfia que controlam o sector dos transportes públicos. O Estado não tem o controlo da quantidade de autocarros que estão a circular na cidade de Luanda. Estamos insistentemente a denunciar mas, neste país, parece que não há instituições”, afirma Domingos Palanca, responável sindical que confirma a entrada da denúnica no Igae, de quem aguardam uma resposta, depois de terem batido portas de outras instituções sem sucesso.
O sindicalista acredita que se trata de “uma máfia extremamente forte” com ligações a vários departamentos ministeriais, visto que a empresa é tutelada pelos ministérios da Economia, das Finanças e dos Transportes. “Os novos autocarros que circulam pelas ruas de Luanda, nos próximos dois anos, serão propriedades deles quando os carros têm tempo de vida útil de oito anos, tempo suficiente para produzirem um valor igual ou superior ao custo dos próprios transportes além de outras facturações”, calcula
Com uma facturação diária estimada em 8 milhões de kwanzas, a TCUL, confere o responsável sindical, possui hoje mais de 150 autocarros, quase o quádruplo da frota que controlava pelo menos até 2018, contabilzada em menos de 40 viaturas.
Notando que “parte significativa” das viaturas entregues pelo Estado no ano passado “está a ser partida”, Palanga explica que a entidade patronal constitui uma comissão de técnicos para movimentarem as viaturas das bases convencionais da TCUL para um terreno no Zango 4, e admite que os sindicalistas temem pelo emprego, por causa desta reivindicação.
SEM seguros
Além dos problemas com a frota, os sindicalistas mencionam a falta de seguros como outro dos problemas que enfrentam. “Não pagam seguros dos autocarros, estão nas ruas a circular e questiono-me se pagam taxa de circulação”, alerta, antecipando uma greve de fome dos funcionários da TCUL por cinco dias, a partir desta semana. “Talvez, desta forma, os dirigentes deste país tenham a sensibilidade da situação gravíssima da TCUL”, refere, ao mesmo tempo que enumera os mais afectados e que estão sob a ameaça de despedimento. “Trabalhadores que estão há mais de 30 anos de serviço, faltando apenas um ano para ir para a reforma, mães solteiras, deficientes, antigos combatentes com protecção especial do Estado, assim como um conjunto de jovens cobradores, condutores, e fiscais.”
O VALOR tentou contactar o PCA da TCUL várias vezes, mas sem sucesso. Outro membro da administração negou comentar, sem autorização.
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