ANGOLA GROWING
CASO BPI/ISABEL DOS SANTOS COM SOLUÇÃO À VISTA

Santoro pode ficar com acções do BPI no BFA

A venda das acções do BPI no BFA à Santoro Finance está entre as soluções encontradas para a resolução do caso que envolve angolanos, portugueses e espanhóis.

 

O presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, confirmou a troca de acções para parar a ‘guerra’ que caminha para o segundo ano.

De acordo com o gestor, que pode deixar a presidência nos próximos dias depois de ver chumbado o estatuto de continuidade, o BPI pode manter activos no banco angolano. “Com os valores que estão em cima da mesa, o BPI ficaria ainda com uma posição minoritária no BFA”, admite Ulrich, apontando para as vantagens para o Unitel e a Santoro.

A Santoro Finance, a empresa de Isabel dos Santos, detém 18,58% do capital accionista do BPI. A solução passa por o BPI pagar à Santoro, com acções do BFA. Depois o BPI cancela as acções, explica Fernando Ulrich, citado por vários órgãos de informação portugueses. “Esta solução era boa para a Santoro que juntamente com a Unitel ficavam a dominar o BFA, e é positivo para Angola, uma vez que passaria por trocar o investimento no estrangeiro pelo reforço de investimento no próprio país”, defendeu o banqueiro. “Para o BPI era bom porque ficava resolvido o problema de elevada exposição a Angola. Para o Caixabank seria uma solução relativamente neutra”.

Essa é uma solução há muito defendida por Isabel dos Santos. Em Janeiro, a empresária angolana tinha avançado com uma proposta de 152 milhões USD para compra das participações do BPI no BFA. Mas foi recusada pela administração do banco português. O BPI apresentou soluções para tranquilizar a Santoro em relação à posição dos accionistas minoritários no banco e à saída de capitais de Angola. Uma delas é o spin-off, em que a holding, criada para colocar os interesses do banco em Angola e Moçambique de modo a cumprir com as exigências do BCE, seja cotada em Lisboa.

A outra é o CaixaBank comprar o BPI na OPA e o grupo espanhol assumir os riscos de Angola. “Não percebo porque é que a Santoro não aceitou o spin off porque era bom para Angola. Ter-se-ia poupado muita coisa, nomeadamente o diploma que facilita a desblindagem de estatutos”, afirmou Ulrich, mostrando que a lei das desblindagem dos estatutos das instituições financeiras em Portugal foi feita a pensar no caso do BPI, que mereceu críticas do Governo angolano.