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Devido a custos elevados e falhas de administração

Sonangol à procura de privados para gestão da clínica Girassol

NEGÓCIO HOSPITALAR. Presidente da petrolífera diz não haver meios para gerir, sozinho, a unidade hospitalar. Desafio é deixar entrar privados que ajudem a poupar mais. Cartas e telefonemas pressionaram a administração à tomada de posição. Estratégia é a mesma que acabou com voos da Sonair na rota Luanda-Houston.

Conferencia Sonangol

A Sonangol está a estudar a possibilidade de transferir para privados a gestão da clínica Girassol, a maior unidade hospitalar do grupo e uma das maiores do país, como forma de rentabilizar os investimentos, anunciou o presidente da petrolífera estatal, Carlos Saturnino.

O plano surge na sequência de várias reclamações que chegaram ao conselho de administração da Sonangol, bem como pela quantidade de dinheiro que a unidade sanitária gasta dos cofres da petrolífera estatal para a sua manuetnção, de acordo com as justificações apresentadas pela administração da empresa, na semana passada, na conferência anual que marcou os 48 anos da Sonangol.

“A Girassol gasta muito dinheiro por mês e temos de procurar o modelo apropriado de negócio. Conseguimos gerir a Girassol sozinhos? São perguntas para as quais não temos respostas. Ou será mais apropriado procurar unidades ou empresas especializadas na gestão de unidades para fazer uma associação, ou parceria, com a Sonangol, e realmente pôr essa unidade na liderança do sistema de saúde em Angola?”, questionou o líder da Sonangol, assumindo falhas na gestão da clínica.

“Achamos que devemos ter humildade, porque não tem estado muito bem. A administração recebe muitas reclamações, muitas cartas, telefonemas. Os colegas que estão na Girassol fazem das tripas o coração’, mas o resultado é que não está a funcionar bem. Os trabalhadores queixam-se, as pessoas da rua queixam-se, mas o dinheiro é gasto. E, em termos de administração, temos de ter resultados em relação ao dinheiro gasto”, considerou.

Investimento prossegue

Segundo Carlos Saturnino, o plano “de incluir privados na gestão da Girassol não vai travar a entrada de novos profissionais na clínica”, garantindo, pelo contrário, que se trata de um investimento para continuar.

“É um investimento com impacto social grande. Um investimento que, em termos financeiros, é grande, em termos de pessoal, capital humano, grande e continua a ser feito. É um investimento para ser mantido. Ou seja, a Girassol vai manter-se, a Sonangol vai continuar a investir”, acalmou o número um da petrolífera.

A medida é parte de um projecto da Sonangol que pretende reduzir custos em todo o grupo, bem como aumentar a rentabilidade dos projectos.

“A sonangol vai rever provavelmente a exsitência das subsidiárias que tem, negócios nucleares e não nucleares. A Sonangol vai reduzir participações. Está a ser feita uma análise de todas as participadas sem excepção, para determinar quais são aquelas que continuarão a existir, aquelas que terão uma percentagem maior, ou uma percentagem menor.”

Corte inicia na Sonair

A clínica Girassol não é a única a ser afectada. Segundo o presidente da Sonangol, as medidas vão ser aplicadas com a mesma estratégia que acabou com as operações da Sonair na rota Luanda-Houston, Estados Unidos da América, justificada, também, com a baixa rentabilidade.

“Tivemos de tomar uma decisão na Sonangol para a descontinuação do Houston Express. É um asssunto antigo. A Sonangol perde 2,5 milhões de dólares por mês. Os colegas da Sonair têm estado a pôr isso na mesa e a apelar para que haja coragem para implementar alguma coisa que impeça que o dinheiro da Sonair continue a desaparecer”, sublinhou Carlos Saturnino, para quem há rotas mais rentáveis para a transportadora aérea.

O último voo da Sonair na rota Houston deve sair a 29 de Março, período em que cessam todas as operações. “Hoje, os aviões [da Sonair] são velhos, temos uma dívida com a operadora Atlas. Precisamos de comprar novos aviões. O Houston Express tem tido uma ocupação entre os 35 e 37% somente. Há rotas mais competitivas. Há muitas alternativas para ir para os EUA hoje, de modo que a decisão foi terminar com o Houston Express”, justifica.