Taxas de juro básica e de câmbio oficial ‘intactas’ há quase dois anos
POLÍTICA MONETÁRIA. Banco central caminha para o segundo ano sem mexer na taxa de câmbio face ao dólar, na mesma velocidade que anda a taxa BNA, que concluiu, na semana passada, um ciclo de 16 meses sem alterações. Gráficos explicam a evolução das taxas e seus efeitos na economia.
O Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu manter a taxa básica de juro nos 16,00% até finais de Outubro, na mesma altura em que a taxa de câmbio oficial do dólar completa 510 dias nos 166,7 kwanzas, colocando ambas na corrida para o segundo ano sem alterações, de acordo com cálculos do VALOR, com base nas taxas de juros básicas e taxas de câmbios diárias disponíveis no portal do organismo.
Com a manutenção da taxa BNA até à última semana de Outubro, fazem 485 dias desde que o banco central fez a última alteração à taxa de juro básica, dos anteriores 12,00%, em Maio do ano passado, para os actuais 16,00%, uma marca que se deve manter até à próxima reunião do CPM, agendada para 27 de Outubro.
No mercado cambial, a taxa para a compra do dólar já se mantém inalterada há 510 dias, desde a última actualização, dos anteriores 161,468 kwanzas de Abril do ano passado, para os actuais 166,746, até Setembro passado. Ou seja, um aumento de mais cinco kwanzas à taxa anterior.
A taxa básica de juro de referência indica a orientação da política monetária e serve de referência para as demais taxas do mercado interbancário. Uma subida dessa taxa indica um curso mais restritivo da política monetária, em que, por exemplo, o banco central prevê um cenário de aumento geral dos preços, no curto prazo, de acordo com o quadro operacional do BNA.
A manutenção da taxa de juro básica é justificada pelo banco central, por via do CPM, com o comportamento dos principais indicadores macroeconómicos no mês de Agosto, que, segundo o organismo, teve uma trajectória descendente. No período, a taxa de inflação mensal, medida pelo Índice de Preços no Consumidor de Luanda, foi de 1,66% contra 1,77%, no mês anterior, e 3,30% em Agosto de 2016.
Assim, “a inflação dos últimos doze meses situou-se em 26,95%, contra 29,01% no mês anterior e 38,18% no período homólogo de 2016, o que reflecte o curso descendente da inflação homóloga iniciado em Janeiro de 2017”, explica o banco central. Do lado da taxa da taxa de câmbio, vários economistas defendem a sua sucessiva manutenção com a necessidade de recuperação do poder de compra das famílias.
Antes de Abril do ano passado, o mercado assistia a flutuações frequentes no mercado cambial. Só de Janeiro a Abril do mesmo ano, o banco central já tinha efectuado três mexidas na taxa: uma de 135,988 kwanzas, de Dezembro de 2015 a Janeiro de 2016; uma 156,39 kwanzas, de Janeiro a Fevereiro; e outra de 159,736, que sai de Fevereiro a Março, antes da fixação nos 166,7 kwanzas, que deve durar até finais do mês que corre.
Petróleo explica flutuações
Desde Junho de 2014, as recorrentes alterações do mercado cambial são justificadas com a queda do preço de barril de petróleo no mercado internacional. Um fenómeno que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), também justifica o alto desnível nas taxas de câmbio do mercado formal e do informal.
Apesar dos preços especulativos, que ainda se situa três vezes acima da taxa de câmbio oficial, face às dificuldades na banca, o negócio de rua tem sido uma alternativa para nacionais e estrangeiros que necessitam de divisas. Três gráficos mostram históricos das taxas BNA e oficial, desde a última alteração.
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