ANGOLA GROWING
MOTORISTAS CHEGAM A USAR DOIS TAXÍMETROS

Táxis personalizados ‘especulam’ tarifas

TRANSPORTES. Associação de consumidores denuncia especulação nas empresas de táxis personalizados e há quem confesse que certos taxistas chegam a utilizar dois taxímetros.

Nos últimos tempos quem recorre ao serviço de táxi personalizado, no Aeroporto 4 de fevereiro e nas grandes superfícies comerciais, tem-se deparado com preços que chegam aos 45 mil kwanzas, por uma viagem até aos arredores de Luanda.

Motivada por essa razão, a Associação Angolana dos Direitos dos Consumidor (AADIC) denunciou a especulação “gritante” de preços praticados pelas empresas prestadoras de serviço de táxi e endereçou uma carta ao INADEC, aos Ministérios dos Transportes, do Comércio, das Finanças e ao presidente do conselho de administração da ENANA “a fim de tomarem providências”.

Na carta de denúncia enviada às instituições, a AADIC faz menção de algumas operadoras e exemplifica que, numa viagem de “mais ou menos 5 quilómetros, ou seja, do Aeroporto 4 de Fevereiro até à Mutamba (Baixa da cidade), o consumidor é capaz de pagar 250 dólares. “O absurdo consiste nas tarifas serem taxada por taxímetros”, lê-se no documento. O Assessor de comunicação da AADIC, Luís Garcia, declarou ao VALOR que o país precisa de uma regulamentação da lei 1/05 de 17 de Janeiro, que atribui essa responsabilidade ao Ministério dos Transportes.

Luís Garcia defende que o ministério deve criar um tarifário para as empresas de táxi se guiarem de modo a evitar-se que pratiquem preços a seu “belo prazer”. “Os preços têm sido feitos de forma arbitrária, muito em benefício das prestadoras de serviço. Temos grandes dificuldades nos transportes públicos e os serviços personalizados vêm para cobrir esse défice, mas precisamos que existam instituições que regulem essa prática comercial”, insistiu.

A directora geral do Instituto Nacional dos Transportes Rodoviários, Noelia Costa, declarou que o ministério regula a actividade dos transportes e não os preços dos táxis personalizados. “Os preços dos táxis fazem parte dos preços vigiados pelo Ministério das Finanças e a regulamentação é tarefa do Instituto de Preços e Concorrência (IPREC), que está a trabalhar nisso”, explicou.

Um taxista da empresa de táxi R.M.F.P que não quis identificar-se revelou que, não obstante as empresas de táxi usarem o taxímetro que controla a corrida e o valor a pagar-se, alguns motoristas, principalmente os do aeroporto internacional, usam dois taxímetros, um legal e um “fantasma”. “As empresas bloqueiam o taxímetro para evitar a especulação e o motorista faz o possível para comprar um taxímetro só dele. Muitas vezes quando o cliente se queixa à empresa, esta nega os valores cobrados”. O taxista explicou que, por exemplo, na R.M.F.P, logo que o cliente entra no carro, o táxi já regista 300 kwanzas e, ao “longo do percurso, o taxímetro vai contando. Quanto mais acelerar mais ele cobra. “É preferível o cliente pedir a tabela do que o taxímetro que cobra mais”, aconselha. O mesmo admitiu já ter visto colegas a cobrarem acima de 100 mil kwanzas por corrida e por essa razão o “número de clientes tem reduzindo consideravelmente nos últimos tempos”.

Luís Garcia aconselha os consumidores de táxis personalizados que se depararem com preços “exorbitantes” a fazerem queixa às empresas fornecedoras do serviço e a perguntarem antes de subir no táxi o preço pré-estabelecido e “exigirem sempre a factura”.

 

125 EMPRESAS LICENCIADAS

A directora do Instituto Nacional dos Transportes Rodoviário, Noelia Costa, revelou que existem em Angola 125 empresas de táxis personalizados licenciadas. A Macon foi a primeira empresa que surgiu com este serviço em 2002, denominado MaconTáxi seguida da Afritáxi em 2010, que faliu. Todas as empresas de táxis personalizados são obrigadas ,desde o ano passado, a pintar os táxis de cor branca e letras pretas.