TCUL reforma mais de uma centena de trabalhadores
TRANSPORTES. Acordo para aposentar trabalhadores pode ser assinado esta semana. Administração interina revela que os problemas de greves e salários em atraso fazem parte do passado.
A empresa de Transportes Colectivos Urbanos de Luanda (Tcul) prevê, para este ano, enviar para a reforma mais de uma centena de trabalhadores que já aguardam a aposentação oficial em casa, mas cujo processo está dependente do pagamento da dívida acumulada da empresa à segurança social.
As duas instituições têm estado a negociar e a Tcul prevê que os encontros possam resultar na assinatura, ainda esta semana, de um memorando de entendimento para reformar 113 (pelo tempo de trabalho ou/e idade avançada) dos seus 1.776 trabalhadores.
No relatório e contas referente a 2018, a Tcul explica que o pagamento da dívida está dependente do subsídio operacional ou do apoio do Estado, que é o detentor da empresa.
Além de reformar os trabalhadores, a empresa tem ainda em carteira o pagamento de indemnizações a 156 trabalhadores doentes há mais de um ano. A efectivarem-se os planos, a transportadora diminuiria 269 efectivos, 15,15% do total de trabalhadores.
O presidente do conselho de administração interino, Pedro Pereira, garante que a empresa está a fazer um “esforço” para resolver, ainda este ano, a dívida da segurança social de Junho de 2015 a Maio do ano passado.
No acordo a ser assinado esta semana, está previsto o pagamento da dívida de forma parcelar. “Temos trabalhadores a quem continuamos a pagar salários, mas já estão na condição de reformados. Com a assinatura deste acordo, haverá um compromisso com a segurança social que vai permitir mensalmente, de forma proporcional aos pagamentos, que um número significativo de efectivos seja aposentado. Quando chegarmos a uma quinta prestação, os que deveriam ir para a reforma vão na totalidade e entraremos na normalidade.”
Relatório ‘arrasa’ trabalhadores
Assim como nos anos anteriores, a transportadora voltou a registar resultados negativos. No relatório vem expresso que, apesar dos grandes investimentos que o Estado realizou, de 2009 a 2017, na Tcul, os resultados continuaram no ‘vermelho’ porque “o maior problema da empresa, que são os recursos humanos, não foi acautelado”.
O documento refere que os anteriores processos de recrutamento, selecção, contratação de pessoal e promoções de categoria e nomeação para a função de chefia “não ocorreram segundo critérios objectivos”. O que impôs a necessidade de saneamento do pessoal ou reconversão de carreiras, através da avaliação de desempenho dos seus colaboradores e ou reconversão de carreiras.
Apesar de tentar dar um salto na fiscalização do tempo de serviço dos funcionários, com a instalação do sistema biométrico, o controlo ainda é feito de forma manual.
‘Nova’ administração apresenta ‘nova’ Tcul
A actual administração da Tcul garante ao VALOR que “a empresa que todos conheciam com greves e problemas de salários ficou no passado”. Segundo o PCA interino, a transportadora chegava a ter até cinco meses de salários em atrasos e actualmente, até Outubro, já começou a ser pago. Pedro Pereira assegura que esta é a “nova Tcul, diferente da anterior e que já proporciona subsídios de alimentação”, estando a empresa a ser gerida com espírito de “humildade e gratidão”.
Sem grandes expectativas, Pedro Pereira prevê, para os próximos anos, relatórios e contas mais bem conseguidos, sendo que, para conseguir resultados positivos, a Tcul depende de factores externos. “Se dependesse da Tcul, teríamos resultados positivos. A empresa vem de anos em que os relatórios não são aprovados pela quantidade de reservas. Criámos uma comissão liderada pelo director financeiro com o objectivo de eliminar as reservas do auditor externo, mas entrámos numa situação em que percebemos que dependemos de outros agentes externos. Estamos a trabalhar com o único accionista, que é o Estado, para que o relatório de 2019 e 2020 melhore”, explica o gestor.
A Tcul é a única operadora urbana de passageiros do Estado. No ano passado, transportou mais de 20 mil passageiros dos 22 mil previstos.
JLo do lado errado da história