Tesoureiro do Santander assume Banco Central do Brasil
MUDANÇAS. Com 16 anos de casa na sucursal brasileira do Santander, Roberto Campos Neto, actual director de tesouraria da instituição, é o preferido da equipa económica do presidente eleito Jair Bolsonaro para comandar o banco central. Já recebeu ‘sim’ do futuro ministro da economia. Falta passar pelo crivo do senado.
A equipa económica do presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, já tem um candidato para comandar os destinos do Banco Central do Brasileiro (BC). Chama-se Roberto Campos Neto, 49, que substitui Ilan Goldfajn na presidência do organismo no governo que inicia funções em Janeiro.
“Com extensa experiência na área financeira, pós-graduado em economia pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), Campos Neto deixa a direcção do Banco Santander, onde ingressou em 2000”, informou, na semana passada, em nota, a assessoria do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que lidera o braço económico do governo do presidente Bolsonaro.
Comentado na alta finança brasileira como próximo de Paulo Guedes, o futuro presidente do BC já contribuía com ideias para o programa de governo desde antes da eleição.
Campos Neto fazia parte das intenções do chefe da equipa económica. O seu nome soou alto quando Ilan Goldfajn, tido como plano A, anunciou demissão por “razões pessoais”.
O BC publicou uma nota em que Ilan Goldfajn felicita o seu possível sucessor.
“Profissional experiente e reconhecido, com ampla visão sobre o sistema financeiro e a economia nacional e internacional”, reconheceu o presidente demissionário do BC.
Apesar do anúncio da retirada no BC, Ilan garantiu que permanecerá à frente da autoridade monetária, a pedido do próximo governo, até o nome do seu sucessor ser apreciado pelos senadores. Também continuará a trabalhar para que os parlamentares aprovem o texto de autonomia do BC, com mandatos fixos e intercalados dos directores, ainda este ano.
À espera de 41 votos
Para estar fechado o processo de ida de Campos Neto ao BC, serão precisos 41 votos a favor do Senado pela indicação do nome apontado pelo economista Paulo Guedes. O processo é conhecido por a ‘Sabatina do Senado’, procedimento obrigatório na política brasileira nos casos de nomeação de profissionais para o banco central.
Na ‘sabatina’, o indicado para o comando do banco central terá de ser submetido a questionamentos da Comissão dos Assuntos Económicos do Senado.
“O economista Roberto Campos Neto aceitou o convite e terá o seu nome indicado ao Senado Federal”, escreveu a equipa económica de Jair Bolsonaro.
Mercado reage Campos
Neto também já recebeu felicitações do presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, que desejou “êxito”, dando destaque ao facto de ocupar uma função importante ao desenvolvimento do país.
“Roberto Campos Neto é um profissional com sólida formação e profundo conhecimento da área económica. Desejamos a ele muito êxito no desempenho de sua nova função”, disse Sérgio Rial.
Além de Sérgio Rial, várias correctoras e escritórios de análises e estudos económicos reconheceram em Campos Neto “competências” para as novas funções de supervisor e regulador da banca nacional brasileira.
Carreira na banca
Desde muito tempo que o economista Campos Neto é chegado aos mercados financeiros. De 1996 a 1999, por exemplo, trabalhou no Banco Bozano Simonsen onde ocupou os cargos de operador de derivativos de juros e câmbio (1996), operador de dívida externa (1997), operador da área de Bolsa de Valores (1998) e executivo da área de renda fixa internacional (1999).
Segundo ainda o perfil do executivo disponível no portal do Santander, Campos Neto trabalhou, de 2000 a 2003, como chefe da área de renda fixa internacional no Santander Brasil.
Já em 2002, ocupou a posição de gerente de carteiras na Claritas, uma sociedade gestora de fundo de pensões brasileira. Ingressou no Santander Brasil em 2005 como operador e em 2006 foi chefe do sector de trading. Em 2010, passou a ser responsável pela área de proprietária de tesouraria e formador de mercado regional & internacional.
A indicação do economista coincide com um debate sobre a autonomia formal para o Banco Central , que decorre na câmara legislativa, sobre a fixação de mandatos para presidente e direcção da instituição, proposta que choca com as do presidente Jair Bolsonaro.
A autonomia da instituição, se implementada, diminuiria, de acordo com analistas, a possibilidade de ingerência política nas decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, e na supervisão do sistema financeiro - o que contribuiria para reduzir a curva de juros futuros, com impacto nas taxas bancárias.
*Com agências
JLo do lado errado da história