Trabalhadores da Bauxite Angola contestam comissão liquidatária
CONFLITO LABORAL Salários dos trabalhadores da Guiné-Bissau e Guiné Conacri já foram pagos, estando em falta os nacionais desde 2014. Comissão liquidatária não respondeu às acusações.
À espera de recebimentos de salários que se acumulam já por sete anos de dívida, na sequência da paralisação da empresa em 2014, trabalhadores da Bauxite Angola acusam a comissão liquidatária de andar em “manobras” que visam introduzir beneficiários “estranhos”.
A comissão liquidatária foi criada há três anos e, segundo representantes dos trabalhadores ao Valor Económico, de lá para cá, "não moveu uma palha" no sentido de se ultrapassar o problema dos 130 trabalhadores da empresa, “alguns dos quais já falecidos, e outros fulminados por doenças decorrentes da ansiedade”, como é o caso, segundo trabalhadores, do geólogo Domingos Gonçalves.
As queixas dos trabalhadores da Bauxite Angola reacendem depois de terem sido liquidados, em 2019, os salários dos operários das minas na Guiné-Bissau e na Guiné Conacri. “Nada mais justifica o prolongado impasse na resolução do nosso problema, quando o Presidente João Lourenço já havia dado ‘luz verde’ para se ultrapassar o caso. Desconfiamos que essa demora venha resultar na introdução na lista de elementos ‘fantasma’ que nada têm que ver com a Bauxite”, acusam os representantes dos trabalhadores. Uma acusação a que a Comissão Liquidatária não respondeu até ao fecho desta edição.
No ano passado, a Sonangol havia anunciado, entretanto, um “esforço integrado” dos accionistas da Bauxite Angola, uma empresa de extracção mineral na qual detém uma participação de 20%, para salvaguardar os direitos dos trabalhadores que reclamam uma dívida salarial de sete anos.
A petrolífera chegou mesmo a informar que, apesar da sua “condição minoritária” na sociedade, tinha “interesse expresso em contribuir para a resolução do tema com a maior brevidade possível”. A Sonangol informou ainda sobre “encontros de concertação” entre os representantes dos accionistas, os trabalhadores e outras partes envolvidas que deviam dar lugar “à regularização das pendências”, ao mesmo tempo que corria o processo de alienação da sua participação ou da eventual liquidação da sociedade.
A Bauxite Angola apresentava-se como empresa pioneira na prospecção e extracção de bauxite no país, estabelecida como uma parceria público-privada com sede em Luanda, uma delegação regional em Conacri e escritórios em Buba e Beli (Guiné-Bissau), com um universo de 130 trabalhadores.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...