OPERAÇÕES ‘COM PROBLEMAS’ HÁ MAIS DE TRÊS SEMANAS

Transferências interbancárias ‘complicadas’ no BPC

BANCA. Suposta avaria no aplicativo de transferências interbancárias do BPC está a atrasar, há mais de três semanas, o envio de dinheiro para outras entidades bancárias. Quem transfere lamenta, quem espera queixa-se. Consultor independente fala em problemas de tesouraria no banco.

Vários relatos de clientes chegados ao VALOR, na última semana, indicam que o Banco de Poupança e Crédito (BPC) está com “muitas dificuldades” em realizar transferências interbancárias, há mais de três semanas, por uma alegada “avaria no sistema de transferências” do banco.

Segundo as informações de vários clientes, as dificuldades são reconhecidas nos balcões, onde os operadores dão conta de sucessivos “erros sempre que tentam executar as operações de transferência.”

O jornal tentou várias vezes o contacto com o gabinete de comunicação institucional do banco, sem sucesso. No entanto, gestores de algumas agências do banco público consultados pelo VALOR confirmaram as reclamções dos clientes. “Isto está a acontecer há mais de três semanas em muitas agências. As transferências não saem. Sempre que tentamos, dá o código de erro e a área técnica diz apenas que devemos continaur a tentar”, confirma um gestor que falou sob anonimato. “Mas isto só acontece quando é para sair dinheiro, não temos tido problemas em receber transferências”, acrescenta outro responsável de um agência do BPC.

Com esta situação, há quem já esteja agastado. É o caso de Avelino Sebastião (nome fictício) cliente do BIC que, ao VALOR, diz estar à espera de uma transferência do BPC, mas a operação não se concretiza há mais de duas semanas, quando devia estar concluída, pelo menos, em 48 horas, conforme é comum nos bancos.

Apesar de o BPC não emitir ainda esclarecimento formal sobre as dificuldades com as transferências interbancárias, o consultor financeiro Galvão Branco olha para o caso como “mais um problema de falta de cédulas” do que “propriamente avaria nos aplicativos” a julgar pelo histórico do banco e pela actual situação económica do país. “Não me parece que seja mesmo um problema nos aplicativos. Pode até ser, mas não é por isso que há reclamações. Porque o banco tem outros mecanismos para transferir dinheiro para uma conta de outro banco, sem ser necessário haver movimentação de cédulas. O cliente só se queixa quando é ‘dinheiro vivo’ que ele quer ter em mão”, comenta o consultor financeiro e dono da GB-Consultores.

Várias agências do BPC estiveram, entre Maio e Junho, com escassez de liquidez. Ou seja, os clientes tinham dificuldades em movimentar as suas contas, dada a falta de dinheiro que se podia assistir, em Luanda, em várias agências do banco de capitais públicos.

No período, dois altos funcionários do banco liderado por Paixão Júnior justificaram com “excessos nos levantamentos” de depósitos pelos clientes e com “atrasos nas cedências de liquidez” pelo Banco Nacional de Angola (BNA), como justificações para a escassez de liquidez no banco.

 

Alternativas para transferências

As operações de transferências interbancárias não são exclusivas dos balcões. Actualmente, existem vários canais electrónicos para fazer movimentar dinheiro de uma conta para outra de banco diferente. São os casos das redes de ATM, acrónimo inglês de Automated Teller Machine, também designados ‘Multicaixas’, o mecanismo que foi aconselhado pelos vários gestores ouvidos pelo VALOR. “As transferências pelo multicaixa funcionaram normalmente. O problema, pelo menos até hoje (sexta-feira, 25), é mesmo das operações a partir dos balcões”, concordam os técnicos do banco de capitais públicos, consultado por este jornal.

No Multicaixa, o tempo máximo para a concretização de uma transferência entre contas do mesmo banco é de 48 horas, podendo ser mais quando a operação é realizada em terminais de pagamentos automáticos para contas de diferentes instituições bancárias.