Trocas comerciais chino-angolanas
CRISE DO COVID-19. No mesmo período do ano passado, as compras angolanas ao gigante asiático foram de 300 milhões de dólares. Apesar do acentuado recuo, Câmara de Comércio Angola-China diz-se preparada para o período pós-pandemia.
Desde o início do ano não houve qualquer fluxo comercial entre Angola e a China, excluindo a componente petrolífera, fez saber ao VALOR o presidente da Câmara de Comércio Angola-China (CAC), Arnaldo Calado, justificando a situação com as festividades do ano novo chinês, que ocorrem entre Janeiro e Fevereiro, e com a pandemia da Covid-19.
“Normalmente, por causa das festividades chinesas, as nossas actividades começam em Fevereiro, mas o surto iniciou antes mesmo de as festividades terminarem, daí então surgiram as restrições, quer de viagens, quer na relação entre os agentes comerciais”, explica Calado.
Segundo os registos dos serviços alfandegários da China, no mesmo período do ano passado, as trocas comerciais entre os dois países estavam avaliadas em mais de 4,7 mil milhões de dólares, 300 milhões dos quais correspondiam às compras angolanas.
Apesar do “momento difícil”, o responsável da CAC manifesta-se “confiante” quanto ao futuro e assegura estar montada uma estratégia para pós-pandemia.
O recuo nas trocas comerciais, precipitado também pela covid-19, já era previsível face à incapacidade dos estudiosos da medicina em criar um antídoto antes da propagação mundial. No início de Fevereiro, a par de alguns analistas, o embaixador da China em Luanda admitiu que o coronavírus “tinha tudo” para “afectar negativamente” as trocas entre Angola e a China, bem como com outros governos.
Entre outras, Gong Tao destacou, na altura, a importância comercial para os dois países, mas tendo deixado claro que a “prioridade era a de travar o vírus”, visando garantir a “segurança das pessoas”. À semelhança de Arnaldo Calado, Gog Tao manifestou-se “confiante” no futuro entre Angola e a China depois da pandemia.
Maior organização
Arnaldo Calado evita entrar em detalhes em relação às companhias com maior representatividade no fluxo comercial entre os dois países, considerando tratar-se de uma tarefa exclusiva do Governo. Mas promete, para o futuro, uma classificação das empresas, considerando a importância que cada uma ocupa nas trocas comerciais. “Depois de tudo isso, vamos também criar um modelo para aferir a qualidade das empresas, entre os maiores e menores contribuintes em relação às trocas comerciais, que serão classificadas em G5, G10 até G500. O grupo dos G5 representa os cinco mais ricos e sucessivamente”, detalha Arnaldo Calado, para quem nenhum Estado “deve abdicar da China”, por ser, em seu entender, “o país melhor intencionado nos investimentos” que faz em África.
Dados disponíveis indicam que, de Janeiro a Setembro do ano passado, Angola arrecadou 17,8 mil milhões de dólares com as exportações à China, tendo o gigante asiático encaixado 1,48 mil milhões de dólares com as importações angolanas. No global, as trocas comerciais atingiram 19,3 mil milhões de dólares.
O trigo, o arroz e roupa usada são os produtos mais importados por Angola do gigante asiático. O boletim estatístico do Conselho Nacional de Carregadores (CNC) de 2016, por exemplo, indica que Angola importou boa parte desses produtos da China, Portugal e da Coreia do Sul.
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