UNITA lembra ‘atropelos’ no discurso de 2019
O líder da Unita, Adalberto Costa Júnior, lembrou, nesta segunda-feira, em Luanda, a particularidade de o Presidente da República ter mencionado, no discurso sobre o ‘estado da Nação’ de 2019, relatórios com obras concluídas, que nem sequer tinham sido iniciadas, ou realizadas, tal foi o caso de infra-estruturas no Bié e da Estrada Nacional-280, considerada “estratégica” para o desenvolvimento do Leste.
Além de notar que os três anos de mandato de JLo se saldaram no “caos económico e social”, já que “as respostas não são positivas em vários domínios da vida do cidadão”, Adalberto Costa Júnior critica os actos administrativos do Governo no domínio de várias empreitadas.
Segundo o presidente da Unita, “uma leitura atenta” aos Diários da República permite concluir que, de Janeiro de 2018 a Agosto de 2020, dos 135 procedimentos de contratação pública autorizados pelo Presidente da República, 107 foram por ajuste directo, ou por contratação simplificada. “Muitos podem pensar que os restantes 28 foram efectuados por meio de concurso público, mas também não foi bem assim. Usaram-se outras formas, envolvendo um convite directo, a prévia qualificação, ou o concurso directo”, apontou Costa Júnior.
O líder da oposição repara que, quando João Lourenço assumiu o poder, “se renovaram as esperanças de mudanças”, mas, decorridos três anos, o Governo recusa-se a alterar as “más práticas e modelos” deixados por José Eduardo dos Santos. “Criticam-no todos os dias, acusam-no de todos os males, mas recusam todas as propostas para tornar mais transparente o sistema político que permitiu todos os desvios de que eles mesmos se queixam”, acusa.
Costa Júnior, que defende a revisão da Constituição, criticou também a “cobertura” que os órgão de comunicação social públicos fazem ao ‘caso Edeltrudes Costa’, “impedindo que seja noticiado”, por causa das chamadas “ordens superiores”, o que, no seu entender, “significa que, em termos de liberdade de expressão, regredimos assustadoramente”.
Referiu-se ainda à indefinição na concretização do poder autárquico, observando que tudo se deve fazer para a institucionalização da lei em Novembro próximo, podendo encontrar-se uma “data de consenso”. O presidente da Unita entende haver “um jogo”, ou seja, “o ónus da não realização das eleições autárquicas só depende do Presidente da República e do MPLA”, sentencia.
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