REUNIÃO AGENDADA PARA MARÇO

Unitel discute providência cautelar movida pela PTV

25 Feb. 2019 António Nogueira De Jure

LITÍGIO. Eleição dos novos membros dos órgãos sociais da empresa, que tem actualmente como presidente Isabel dos Santos, divide a Unitel e a PT Ventures. Assembleia marcada para 19 de Março vai tomar decisões.

 

Unitel discute providência cautelar movida pela PTV

A providência cautelar interposta pela PT Ventures (PTV) à Unitel será um dos temas principais a ser discutido na assembleia-geral extraordinária da operadora de telecomunicações móveis angolana, agendada para 19 de Março. Inicialmente anunciada para a passada terça-feira, conforme divulgado por vários órgãos de informação nacionais, a Unitel prontamente veio a público corrigir a informação, alterando a data para Março.

A operadora reconfirmou, emcomunicado, citado pela Agência Lusa, que a reunião deverá discutir a providência cautelar movida pela PT Ventures, além da eleição dos membros dos órgãos sociais para o mandato de 2018/2020.

Num outro comunicado, divulgado na passada quarta-feira, a Unitel refere que a PT Ventures, que agrega os activos que transitaram da Portugal Telecom para a brasileira Oi, accionista da operadora angolana com uma quota de 25%, se tem recusado a pagar dividendos pendentes. Uma acusação que a administração da PT Ventures garante “não corresponder à verdade”.

O diferendo arrasta-se desde 2015, o que já levou a operadora móvel angolana a reconhecer, há cerca de um ano, que tinha, até então, de repatriar para a PT Ventures dividendos superiores a 600 milhões de dólares, montante que a Unitel assumiu ser incomportável de transferir no mercado cambial angolano.

Para a administração da empresa de telecomunicações, a acção judicial “é o mais recente esforço de ataque concertado e contínuo à Unitel e aos accionistas angolanos, desde que a PT Ventures foi adquirida em 2014 pela Oi”. “A Unitel já se disponibilizou repetidamente a pagar os dividendos em Angola, conforme exigido por lei, mas a PT Ventures tem-se recusado a aceitar esse pagamento, alegando que os seus dividendos deveriam ser pagos fora de Angola e em moeda estrangeira”, argumenta a operadora móvel nacional.

No comunicado, a empresa angolana refere ter recebido, a 7 deste mês, uma citação do Tribunal Provincial de Luanda relativamente a uma acção instaurada pela PT Ventures. Na citação, prossegue o documento, é solicitada a nomeação “urgente” de um administrador judicial para actuar como órgão de administração da Unitel, em substituição do actual conselho de administração, que é liderado pela empresária Isabel dos Santos. “A PT Ventures solicitou que o Tribunal tomasse essa medida sem audição prévia da Unitel e sem aviso prévio ou consentimento dos outros três accionistas (os quais em conjunto representam 75% do capital social da empresa)”, recorda o documento.

Em face de todo este quadro, a Unitel refere, no comunicado, que “refuta totalmente todas as pretensões alegadas pela PT Ventures” e que “irá, de forma vigorosa, apresentar a sua defesa contra essas alegações infundadas e difamatórias”.

MANDATO ILEGAL?

O actual conselho de administração da Unitel poderá já estar numa situação irregular, sendo que o mandato terá terminado em 2018. No comunicado, a Unitel não avança qualquer informação, mas garante que “pretende continuar a trabalhar para criar melhores produtos e serviços para os seus clientes, bem como para criar valor para todos os accionistas”.

No final de 2018, houve reuniões de accionistas para definir a nova composição dos corpos sociais da empresa, mas sem consenso. Contudo, continua a haver relatos de que os actuais órgãos sociais e os quatro accionistas da Unitel (cada um com 25% do capital), divididos em dois blocos, têm diferenças irreconciliáveis.

De um lado, estão a Vidatel, de Isabel dos Santos, e a Geni, de Leopoldino do Nascimento, ‘Dino’. Do outro lado, a Mercury, da Sonangol, e a PT Ventures, da Oi. Se a Vidatel e a Geni querem a renovação dos mandatos da empresária e do general ‘Dino’, já a PT Ventures e a Mercury querem nomear outros responsáveis.

A ideia, segundo o jornal português Público, seria escolher para o lugar de presidente do conselho um independente, uma figura proeminente da sociedade angolana sem nenhuma ligação aos accionistas, seguindo-se a mesma lógica para o cargo de presidente da mesa da assembleia-geral.

A gestão executiva, que agora cabe a Antony Dolton, “um homem de conança de Isabel dos Santos”, seria também atribuída a um gestor prossional que reunisse a aprovação dos sócios.