ANGOLA GROWING
DIPLOMACIA FINANCEIRA INTERNACIONAL DÁ FRUTOS

Valter Filipe apresenta Banco da China como ganho das viagens ao estrangeiro

BANCA. Governador do banco central vê na entrada dos chineses no sistema bancário nacional o fruto das várias saídas da sua administração ao exterior. Estratégia é para continuar e prevê mais ‘conversas’ com outras entidades financeiras internacionais, no mesmo modelo que prevê recolocar o Deutsche Bank em Luanda.

 

 

O número de instituições bancárias registadas no Banco Nacional de Angola (BNA) subiu para 30, com a integração, desde a semana passada, do primeiro banco asiático ao sistema financeiro nacional, o Banco da China Limitada, facto que o governador do banco central, Valter Filipe, associa às várias viagens da sua administração ao estrangeiro.

De acordo com o governador, que discursava na cerimónia de apresentação do Banco da China, a integração dos chineses no sistema bancário doméstico poderá massificar o crédito à economia, além das ajudas com as necessidades cambiais.

“A iniciativa ora consumada também é fruto de um conjunto de acções de diplomacia financeira que vêm sendo realizadas pelo Banco Nacional de Angola junto dos seus parceiros internacionais”, regozija-se Valter Filipe, apontando para as várias viagens e contactos desenvolvidos por sua administração e as realizadas pela equipa económica do Governo. Com a retirada dos bancos correspondentes do país, o BNA tem-se lançado, desde Setembro de 2016, numa ‘campanha’ de recuperação da imagem da banca. A missão já esteve na África do Sul, Portugal, França, Inglaterra e Itália.

O alemão Deutsche Bank foi um dos alvos de Valter Filipe, tendo ficado a garantia de que esta instituição regressaria a Angola ainda no primeiro trimestre deste ano. Às mais-valias da entrada dos chineses do mundialmente conhecido por Bank of China (BOC), Valter Filipe juntou a possibilidade de incremento das trocas comerciais entre os dois Estados, pela relação e facilidade que os demais bancos passam a ter nas tansacções internacionais com o país de Xi Jinping e o mundo.

O BNA contabiliza que, em 2015, as trocas comerciais entre Luanda e Pequim ficaram em 19,7 mil milhões de dólares, apesar do difícil quadro económico nacional, desde o segundo semestre de 2014. “Estou em crer que todos nós consideramos a importância de que se reveste o dia de hoje, por representar um grande contributo no incremento das relações económicas e financeiras entre a República de Angola e a República Popular da China, que conheceram o seu ponto mais alto aquando do financiamento necessário para a reconstrução e desenvolvimento de Angola”, sublinhou Valter Filipe, que elencou quatro novos desafios a seguir.

Da lista de estratégias do BNA, vão prosseguir, como enumerou o seu governador, o estreitamento das relações com instituições homólogas das principais economias mundiais e com os principais centros financeiros internacionais; os “compromissos que contribuem para garantir uma imagem positiva do sistema bancário nacional”, além de se desenvolver esforços no sentido de reduzir o grau de incerteza actual do sistema financeiro nacional, através da criação das condições de monitorização da actividade económica e financeira nacional.

A agenda do banco central para recuperação da ‘confiança’ internacional fecha com a estratégia de prestar informações aos seus parceiros internacionais sobre a existência de condições de estabilidade monetária e financeira em Angola, com vista a adequar o sistema bancário angolano às normas e boas práticas internacionais.

FINANÇAS PEDE CORRESPONDÊNCIA

Do Governo, saiu o apelo para a necessidade de correspondentes bancários para os bancos angolanos, assim como para os vários pagamentos de operações a que os empresários nacionais venham precisar junto dos fornecedores estrangeiros. Foi o ministro das Finanças, Augusto Archer Mangueira, o portador da mensagem, falando para dezenas de empresários chineses, angolanos e para o conselho de administração do Banco da China, representado ao mais alto nível por Chen Siqing, presidente da entidade. “A cooperação entre o Banco da China e o nosso país começou com o financiamento de quatro projectos para o sector das telecomunicações, num montante global de 109,76 milhões de dólares. Estes projectos estão concluídos e totalmente desembolsados, desde Outubro de 2012”, lembra o ministro angolano.

MAIS TRÊS GRANDES PROJECTOS

Segundo contas das Finanças, a carteira actual de operações com o Banco da China compreende um conjunto de três projectos, com um montante global de financiamento (excluindo o downpayment) na ordem dos 381 milhões de dólares. Iniciativas que devem contar com cobertura da agência de crédito à exportação chinesa.

Archer Mangueira assegurou os accionistas do Banco da China sobre os “progressos” que o país já deu em matéria de cumprimento das regras prudenciais de natureza financeira. “Evolui-se muito em Angola em matéria de cumprimento das regras de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo. Contudo, tarda o reconhecimento desse esforço e o reatamento das relações com bancos correspondentes internacionais”, finalizou.