‘PLANO’ NÃO PREVIA PASSAR O PRIMEIRO SEMESTRE

Valter Filipe ‘falha’ promessa de resgate do Deutsche Bank até Junho

BANCA. BNA tinha agendado o primeiro semestre como o período de recolocação dos alemães do Deutsche Bank no país, a contar de Fevereiro. Fora do tempo, e a faltar menos de seis meses para fechar 2017, não se sabe a posição dos alemães, nem o novo calendário para o resgate das relações. O ‘Sim ou Não’ depende dos bancos correspondentes, diz Governo.

thumbnail Valter Filipe20160307Governador do BNA7318

O Banco Nacional de Angola (BNA) falhou a promessa de recolocar os alemães do Deustche Bank no país até ao primeiro semestre deste ano, quase cinco meses depois desde o início das conversações e várias viagens já realizadas.

Na cerimónia de cumprimentos de fim de ano em 2016, no Palácio Presidencial, Valter Filipe tinha antecipado, como “expectável”, o regresso dos alemães do Deuscthe Bank entre Fevereiro e Junho deste ano, após vários ciclos de conversas com entidades financeiras internacionais, bancos e demais unidades do sector.

A faltar pouco mais de cinco meses para fechar 2017, o BNA não publicou o novo calendário de reconquista das relações com correspondentes, incluindo o Deustche, nem se sabe qual é a posição destes bancos, já que o Governo diz estar dependente do ‘Sim ou Não’ dessas entidades, segundo a conclusão da segunda reunião Conselho Nacional de Estabilidade Financeira (CNEF).

O VALOR questionou o banco central, através do seu gabinete de comunicação institucional, que reagiu, indicando que “os contactos se mantêm com o Deustche Bank”. O regulador acrescentou que, internamente, “o BNA continua a trabalhar na actualização /adaptação da regulação/normas internacionais ao abrigo de Basileia II e III”. Mas assinalou que está também dependente da “assistência técnica do Tesouro Americano que tinha sido acordada com a anterior Admistração”, sendo que se “aguarda pela indicação da actual Administração dos EUA, no sentido de se prosseguir o trabalho que tem como finalidade recuperar correspondentes americanos”.

No encontro do CNEF, Valter Filipe já havia referido que o atestado de competência do sistema bancário nacional para voltar a ter ligação com os bancos correspondentes deve ser passado por estes bancos (incluindo o próprio Deuscthe Bank), segundo uma mensagem saída da reunião, pela voz do seu porta-voz, Gilberto Luther.

“São eles que, a dado momento, têm de fazer a aferição”, salientou Luther, no fim do encontro, convocada e presidida pelo ministro das Finanças, Archer Mangueira, com presença da equipa económica do Governo e responsáveis da banca estatal.

No encontro, Valter Filipe assegurou aos seus pares da equipa económica do Governo que as relações com bancos estrangeiros e correspondentes do dólar americano deve acontecer “o mais breve possível”.

Desde que Valter Filipe ‘aterrou’ no banco central, o tema ‘correspondentes bancários’ tem sido o mais dominante da sua agenda, mas é ao Deuscthe Bank, o maior banco alemão, em que o BNA mais dedicou atenção, tendo ficado a garantia de regresso da instituição ao país no decurso do último semestre.

Apesar de nunca ter avançado datas concretas, Valter Filipe tem sido repetitivo, nos seus discursos, na ideia de que as conversações com autoridades financeiras e instituições bancárias europeias ajudariam na materialização do projecto.

BANCA CARECE DE ROBUSTEZ

O BNA não esconde as debilidades do sistema financeiro angolano em matéria de regulação e cumprimento das normas, pelo que admite ser necessário haver robustez no sistema financeiro angolano.

Para a materialização da reconquista dos bancos correspondentes, tem-se lançado em várias missões de trabalhos, que inclui reuniões com vários bancos centrais e unidades de informação financeira de quase todo o mundo.A missão já esteve na África do Sul, Portugal, França, Inglaterra e Itália.

“É claro que estamos todos conscientes de que se trata de uma matéria sensível e que tem o seu nível de complexidade. Mas é a conjugação dos esforços de adequação normativa do sistema que nos vai levar a retomar a relação com os correspondentes de forma exitosa”, observou Gilberto Luther, em nome do Conselho Nacional de Estabilidade Financeira.

NOVAS ESTRATÉGIAS VÃO AJUDAR

Para fazer face ao actual período de restrição ao acesso à moeda norte-americana e relações com autoridades financeiras internacionais, o Conselho apreciou a ‘Estratégia de Desenvolvimento do Sector Financeiro 2017 – 2021’, um documento apresentado pelo Gabinete de Estudos e Relações Internacionais (GERI), que abarca todo o sistema financeiro, desde a banca, o mercado de seguros e de fundos de pensões, ao mercado de capitais.

A nova estratégia vai contar com a assistência técnica do Banco Mundial e deve inculir temas como o combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, a inclusão e educação financeira, “seguindo os mais altos padrões do sistema financeiro” internacional.