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Desde que chegou ao BNA

Valter Filipe faz sexta mexida na taxa de absorção de liquidez

POLÍTICA MONETÁRIA. Desde que ‘aterrou’ no banco central, já se somam seis alterações à taxa de absorção de liquidez a sete dias, pelas mãos do actual governador, em pouco menos de dois anos. Fixação da taxa nos 2,75% sugere que BNA quer mais crédito à economia e menos depósito dos bancos no ‘palácio’ da rua Cerqueira Lukoki.

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O Banco Nacional de Angola (BNA) voltou a mexer na taxa de absorção de liquidez, fixando-a nos 2,75%, a sexta alteração num espaço de 14 meses, de acordo com a última decisão do Comité de Política Monetária (CPM).

Na última reunião do CPM, realizada a 31 de Julho, e na sequência da análise efectuada à evolução dos principais indicadores macroeconómicos, o banco central decidiu manter a taxa básica de juro - Taxa BNA – em 16,00% ao ano, manter a taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez (Overnight), em 20,00%, ao ano, mas deixa cair, no entanto, a taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez, a sete dias, de 3,25% para 2,75%.

A taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez (TFPL) é um dos vários instrumentos de política monetária que o banco central utiliza para controlar os níveis de liquidez na economia, seja pelo aumento, seja pelo enxugamento da massa monetária em circulação, além de ser utilizada na necessidade de atrair os bancos a fazer depósitos junto do banco central, dependendo das remunerações.

Ou seja, quando a taxa de juro da facilidade permanente de abosorção de liquidez é alta, os bancos ganham mais; quando é baixa, o retorno dos depósitos é igualmente baixo. Esta é a sexta vez, desde Janeiro de 2016, que o CPM altera a TFPL. De Janeiro a Fevereiro do ano passado, a taxa estava fixada em 1,75%, sendo que, de Março a Julho, a taxa foi alterada para 2,25%. De lá a Maio deste ano, a taxa deu um pulo de cinco pontos percentuais (pp) para 7,25%, até à última mexida do dia 30 de Maio, fixada em 5,25%.

Em Junho, a equipa de Valter Filipe entendeu dar mais um corte de dois pp à TFPL, ao sair de 5,25% para 3,25%. A última mexida, que faz a sexta, é decidida na reunião do CPM de 31 de Julho, que recua a taxa para 2,75% (ver evolução no gráfico).

A nova redução de dois pp à TFPL sinaliza que, nos últimos meses, houve contracção das disponibilidades em moeda nacional nos bancos comerciais, nas empresas e até nas famílias. Esta possibilidade foi defendida, recentemente, por Yuri Quixina, consultor e analista económico, que considera ser estratégia do regulador mexer na taxa de absorção pela necessidade de liquidez no mercado.

No comunicado saído da reunião de 31 de Julho, o CPM não dá explicações sobre a alteração à TFPL, nem sobre a manutenção das outras taxas, designadamente a taxa básica de juro (Taxa BNA), para 16%, e a taxa de juro da facilidade permanente de cedência ‘overnight’ de liquidez, para 20,00%, ao ano.