Venda de flores ganha espaço em lojas na capital
FLORISTAS. As lojas de flores vão substituindo, cada vez, mais os vendedores de rua. Além de venderem flores e plantas, produzem, ensinam a fazer buquês e até podem dar formação. Já há poucos locais com venda de flores na rua. As excepções continuam a ser os cemitérios e algumas praças de Luanda. Os meses que mais facturam são os de Fevereiro, Março e Dezembro.
Se há cinco anos só era possível obter flores por importação, hoje a realidade já é bem diferente. É possível comprar plantas e flores produzidas em Angola, evitando-se assim a importação. África do Sul, Turquia, Quénia e Portugal estão entres os países que mais abasteciam os floristas que, com a actual crise de divisas, se voltam mais para a produção interna.
As províncias com as temperaturas mais elevadas têm maior possibilidade de produzir flores. Há empresas que estão especializadas na reprodução de plantas e flores, como é exemplo a Kalumbo Flowers, em Luanda, ou a fazenda ‘Agropecuária Freitas e Floricultura’, em Benguela. São estes tipos de lojas que têm vindo a substituir as vendedoras de rua.
Afirmam os vendedores das lojas que são os homens que mais procuram flores, por diversas razões. Calculam mesmo que 90% dos clientes seja masculino. As razões são várias: para oferecer como pedido de desculpas, para entregar em datas festivas, nas conquistas, mas as encomendas não se ficam pelos ‘cupidos’. Há clientes para óbitos, conferências, em decorações de todo tipo de festas, em carros, casas e empresas.
Na florista ‘Bella Donna Flores’, no Maculusso, em Luanda, as flores e as plantas são criadas internamente e apenas uma ou outra rosa é que é importada. A loja já fornece para os floristas de Luanda e arredores. Um pé de rosa de porcelana custa dois mil kwanzas e o buquê mais barato é vendido 2.500 kwanzas. O preço vai variando consoante o número de flores que se forem acrescentando ao buquê e assim vai dependendo da ocasião e do bolso de quem solicita.
O cliente, mais do que simplesmente comprar, também recebe instruções de como tratar a planta ou a flor. A florista e gerente da casa Ana Paula defende que os que vendem nas ruas “são curiosos” e não floristas, porque um profissional tem de ter a capacidade de conhecer a planta, flor ou rosa, saber dos cuidados a ter com elas, porque “algumas podem causar alergias ou mesmo ser venenosas ao ser humano”.
Além da venda de flores, plantas, rosas e areia tratada, a loja também presta serviços de jardinagem, decoração de interiores de residências e de empresas, realiza ‘workshops’ e pretende dar formação da arte floral. Os mais de oito funcionários recebem formação de como prender e fazer buquês, a parte estética de como expor as coisas e prender a embalagem entre outros.
FLORES NO CEMITÉRIO
Na porta do cemitério do Alto das Cruzes, no Miramar, em Luanda, cada pé de rosa ou uma flor natural custa dois mil kwanzas, enquanto as coroas usadas nas cerimónias fúnebres variam entre os 20 e os 50 mil kwanzas. Mas as vendedoras aqui não se limitam a vender flores para funerais. Há buquês de noivas com custos variáveis entre os 10 e os 30 mil kwanzas e o canto, centro e rasteiros, que normalmente são usados nos casamentos, variam entre os sete mil e os 30 mil kwanzas. Uma decoração de um carro de noiva, dependendo da quantidade de flores, pode custar entre os 40 e os 80 mil kwanzas.
Apesar do número elevado de vendedoras, como em todos os cemitérios, a venda não tem sido fácil. Muitas vezes, o negócio é interrompido pela polícia. Antes, situavam-se à frente da porta principal. Tiveram de escolher outras paragens, encostadas ao muro dos cemitérios, mas em locais mais discretos.
Em Benguela, os preços são bem diferentes dos praticados em Luanda. Na ‘Agropecuária Freitas e Floricultura’, no Vale do Cavaco, um pé de rosa de porcelana custa apenas 200 kwanzas e varia de acordo o número de pés. Uma parte das flores é produzida localmente, as restantes são provenientes do Lubango e Huambo. As maiores vendas são feitas nas cerimónias fúnebres e nos casamentos. Goreth dos Santos, gerente da fazenda ‘Agropecuária Freitas e Floricultura’, explica que o melhor tempo para a produção das rosas porcelanas é o tempo de calor, sobretudo o que vai de Setembro a Janeiro. “O negócio já não rende tanto quanto antes”, lamenta Goreth dos Santos, que garante ter um gosto pela profissão que faz permanecer na venda de flores. “Os clientes até vêm sempre, mas o que falta mesmo são as flores e aqui quase sempre há funerais”, afirma.
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