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Vendedores de água em ‘tanques caseiros’ exigem reconhecimento

21 Jun. 2019 (In) Formalizando

Revenda. Comerciantes reconhecem que operam na ilegalidade, mas esperam que lhes sejam permitidos acorrer aos pequenos empréstimos, para fazer face à crise, diversificando a carteira de negócio. Empresa de microcrédito esclarece que também apoia informais, embora tenha antes de analisar a viabilidade do investimento.

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Vendedores de água em ´tanques caseiros´ consideram o “negócio atractivo” e o trabalho de importância destacável, visto que ajuda a reduzir o “nível de insatisfação popular” face à incapacidade do Governo de fornecer o líquido precioso a todas as residências.    

Os comerciantes defendem, por isso, a formalização do negócio que se resume na aquisição de água em cisternas para o enchimento de reservatórios domésticos, para posterior venda à vizinhança. O custo da cistena de 20 mil litros ronda os 25 mil kwanzas, permitindo lucros médios na ordem dos sete mil kwanzas, como resultado da venda de 50 kwanzas o bidão de 25 litros. Há quem, no final do mês, obtenha lucros acima dos 50 mil kwanzas, considerando a rotatividade do negócio.  

“Sou diminuído físico por conta um cancro que tive na perna direita. E se não vender um bidão de água não me alimento. O Estado tinha que fazer um levantamento para conhecer as pessoas, e ver como nos podia ajudar”, apela Jeremias Morgado.

Gilson Cardoso, 29 anos idade, herdou do pai o hábito pelo negócio. Conta que, antes da campanha da Epal, que entre 2014 e 2015, visou cortar as mangueiras que subtraiam água da Conduta da Congeral, os lucros “eram significativos”. Para manter o negócio, passou a comprar o produto às cisternas, mas confessa não ter ainda ganhado o traquejo na gestão. “No período em que retirávamos a água da conduta, não era necessário analisar o tamanho dos recipientes. Estipulávamos qualquer preço, porque não tínhamos nada a perder, mas hoje, temos de ser rígidos”, explicou.

Desempregado, o jovem combina os ganhos da cerveja e da água para manter o sustento da família. Mensalmente, arrecada entre 45 mil e 50 mil kwanzas de lucros em água. Muitos dos comerciantes manifestaram o desejo de adquirir crédito bancário para melhorarem a condição do negócio.

 

Epal reconhece importância dos operadores

Ao VALOR, o porta-voz da Epal sublinhou não haver “nenhuma formalidade a nível da empresa, para que se possa praticar” o negócio. Vladimiro Bernardo salienta que a Epal só formaliza a venda às cisternas e chafarizes, entretanto reconhece a importância desses comerciantes, dada a incapacidade para o fornecimento de água às comunidades.

Por sua vez, a directora-geral do Kifcrédito, Felisbela Paulino, tranquiliza os comerciantes, sublinhando que a instituição também concede pequenos empréstimos a informais. Também ao VALOR, explicou que, nestes casos, a empresa deverá antes analisar os custos de abastecimento do tanque e estudar variáveis como o preço do litro, bem como a quantidade de água comercializada por mês, para aferir a viabilidade do negócio.

Felisbela Paulino, para quem que defende que “há muito que o Estado devia regular a prática, por já ser realizada há anos”, explica que, para a cedência de crédito, a Kifcrédito exige que o negócio seja exercido há pelo menso três meses.

Vendedores de água em ‘tanques caseiros’ exigem reconhecimento