Vera Daves diz que principais prioridades de Angola são a saúde e a dívida
A ministra das Finanças de Angola, Vera Daves, disse hoje num encontro do FMI que as principais prioridades a curto prazo são impedir um colapso do sistema de saúde e garantir a sustentabilidade da dívida.
"A primeira prioridade é sobreviver, preservar a vida tanto quanto possível e assegurar que o sistema de saúde não colapsa, e depois manter a sustentabilidade da dívida, que são os nossos principais pilares da estratégia a curto prazo", respondeu Vera Daves, quando questionada sobre as prioridades do Governo para os próximos meses.
A ministra falava num encontro virtual organizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), no âmbito dos Encontros Anuais, com o título 'Pós-Covid-19: Recuperação e Resiliência', que contou com a participação da directora executiva do FMI, Kristalina Georgieva.
"Temos de olhar para as expectativas da nossa população e para a necessidade de garantir um crescimento inclusivo, precisamos de crescer mais de 3%, que é o ritmo a que a nossa população cresce, para assegurar as condições para terem acesso a empregos e serviços públicos de qualidade", apontou a ministra das Finanças, que interveio hoje pela segunda vez num dos painéis dos Encontros Anuais, sendo a única ministra africana a fazê-lo em duas ocasiões distintas.
Na conversa que manteve com a jornalista da Bloomberg Francine Lacqua, e na qual participaram também o director-geral da BlackRock e o enviado especial das Nações Unidas para a Acção e Financiamento sobre o Clima, Vera Daves admitiu que é difícil gerir as necessidades financeiras de curto prazo e, ao mesmo tempo, definir estratégias mais longas.
"Precisamos de tratar dos assuntos de curto prazo, a saúde, a dívida, mas também precisamos de ter condições adequadas para crescer e atrair investimento e tornar real o enorme potencial que Angola tem", defendeu a governante.
Durante a sessão, Vera Daves voltou a pedir uma extensão da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) e argumentou que o "espaço para respirar" dado por esta iniciativa é importante, mas precisa de ser complementado com novos financiamentos.
"Precisamos de combinar estas iniciativas de suspender ou adiar o serviço da dívida com uma iniciativa que permita financiamento fresco para garantir que podemos recuperar a economia e as empresas que lutam para ter acesso a esses fundos, já que o Estado, por si próprio, não consegue apoiar todas as Pequenas e Médias Empresas (PME) que lutam para ficar abertas e não despedir pessoas", argumentou Vera Daves.
As reformas "só são possíveis com coragem e otimismo", acrescentou, concluindo que "as pessoas têm de acreditar que hoje podem sofrer, mas amanhã terão os benefícios do sofrimento trazido por todas estas reformas".
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...