Coworking em crescimento e com margem para novos investimentos
EMPREENDEDORISMO. É cada vez mais crescente o número de empresas e não só a implementar, nas suas instalações, o formato coworking, dando oportunidade de surgimento e crescimento de outras. Em Luanda, há empresas que adoptaram o modelo a facturar anualmente mais de 10 milhões de kwanzas, enquanto as integradas poupam cerca de 360 a 600 mil kwanzas.
Os elevados preços de compra e arrendamento de escritórios nas zonas nobres de Luanda são, genericamente, apontados entre as principais dificuldades dos empresários, especialmente dos iniciantes, na intalação de negócios.
Na baixa de Luanda e em Talatona, por exemplo, o arrendamento de um escritório com 165 metros quadrados está avaliado em um milhão e 320 mil kwanzas mensais.
Diante deste empecilho, vários principiantes têm apostado no chamado coworking, um formato económico de partilha de espaços de trabalho entre várias empresas e que vai sendo proliferado, sobretudo por instituições que possuem espaços inutilizados.
Neste modelo, os preços de arrendamento variam de acordo com a localização e a comodidade ou serviços e não são referenciados por metros quadrados, ao contrário dos espaços convencionais.
Na zona central de Luanda, por exemplo, os preços mensais vão dos 20 aos 50 mil kwanzas, como acontece no Centro de Formação Empreender Transforma (CET), que, há quase um ano, implementou o coworking. Com sete empresas instaladas cada uma, com base no pagamento, pode dispor de cadeira e mesa, copa, sala de reuniões, partilha de internet e serviço de secretariado.
Não muito diferente, a Disruption Lab, pertencente ao Millennium Atlântico, cobra ao dia 1.500 kwanzas, valor que, em um mês útil, pode atingir os 36 mil kwanzas.
Já a Mam-dzaoew, sediada no Patriota, município de Belas, actualmente com mais de 13 empresas em coworking, cobra entre 19 e 26 mil kz/mês. Alguns destes espaços incluem, nos beneficiários, pagamento das obrigações fiscais.
Esta nova forma de negócio tem rendido aos proprietários entre quatro e 12 milhões de kwanzas anualmente, isso a depender do número de empresas integradas neste sistema considerado por Inene dos Santos, responsável do CET, “uma rede de suporte para o crescimento no mercado” de novos empresários.
Mas, se, por um lado, as empresas detentoras de espaços lucram, as integradas vêem reduzidas as despesas, o que pontencia o aumento das margens de lucro. Segundo José Lisboa, responsável da empresa MC Company Anastacia, desde que aderiu ao coworking, poupa 600 mil kwanzas, ao contrário de quando esteve em espaço individual em que gastava, por ano, 1,2 milhões de kwanzas somente pelo arrendamento. “Antes facturávamos mensalmente um milhão de kwanzas, valores que reduziam substancialmente com as despesas. No coworking, temos poucas despesas, agora facturamos o dobro”, confere, apontando, como vantagens, a localização privilegiada e a cooperação com outras empresas integradas no formato.
A empresa Fidelsoftware, por sua vez, gastava anualmente 720 mil kwanzas pelo arrendamento e hoje, segundo o seu CEO, Fidel Carlos, tem despesas a rondarem os 480 mil, por estar no coworking. “Não temos gastos com a internet, água e energia, segurança ou manutenção de impressoras. Temos poucos gastos, contribui para o nosso crescimento”, atesta.
Artur Mesquita, empreendedor em identidade de imagem, trabalhava em casa, mas, depois de conhecer a “nova filosofia de sobrevivência e crescimento de empresas”, decidiu aderir ao formato, “devido à força de conexão existente entre empresas jovens num mundo altamente digital e competitivo.”
Os três homens de negócios reconhecem ser um formato “ideal” para as novas empresas, principalmente criadas por jovens sem muita experiência e sem capital suficiente para manter estável o negócio. Por outro lado, unanimemente, apontam, como desvantagens, a falta de privacidade, as limitações no aumento de funcionários e a necessidade de se reservar previamente a sala para reunião, sob pena de outra empresa antecipar-se.
INCENTIVOS
Os empreendedores clamam por mais espaços de coworking, no sentido de facilitar o surgimento de mais empresas, visto que muitas entram em falência depois de um a dois anos, devido ao elevado número de despesas.
Apelam, igualmente, ao Governo e às grandes empresas para a recuperação e cedência de armazéns e outros espaços abandonados, que podem servir para agrupar e fortalecer várias pequenas empresas ou ideias de negócios. No entendimento deste, o modelo constitui uma via de combate ao desemprego na classe juvenil e porta aberta para a materialização da política de auto-emprego.
O apelo ao incentivo passa também pela aquisição de produtos ou serviços destas pequenas empresas por parte do Governo e grandes empresas, até porque, afirma Inene dos Santos, é mais económico e “ajuda os jovens a solucionar problemas.”
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