Arrastos prejudicam oferta de peixe
Os armadores continuam preocupados com os constantes arrastos que se registam na costa marítima angolana, apesar das denúncias reiteradas às autoridades.
Somados às “elevadas despesas” para pôr as embarcações de captura no mar, os arrastos, segundo os armadores, têm contribuido para a falta de peixe no mercado. Por isso, os operadores esperam sentar-se à mesa com o Ministério das Pescas e do Mar para se encontrar uma solução.
Desde Janeiro deste ano, altura em que começou a chover com frequência em algumas zonas do país, o nível de captura, como notam alguns armadores, tem sido “significativamente fraco”, por causa das águas turvas, que afugentam os peixes, e pelos arrastos de embarcações operadas, sobretudo, por cidadãos de nacionalidade chinesa. A prática está de volta, depois do interregno causado pela ‘operação transparência’, como denúncia o armador Tiago Chiti. “As embarcações arrastam tudo, usam instrumentos inadequados para a pesca. É impressionante, eles pescam de forma bruta, não precisam de fazer sete dias, voltam no mesmo dia.”
Os arrastos no alto mar, segundo o armador, ocorrem maioritariamente “nas zonas onde os peixes vão desovar”, impossibilitando deste modo a reprodução das espécies. Nos últimos dois meses, Tiago Titi pesca pouco menos de 10 toneladas, sendo que, às vezes, volta à terra firme “sem quase nada.”
Com saudades do tempo em que pescava carapau nas pedras a beira-mar na Ilha de Luanda, Bruno Oliveira afirma não compreender a razão de algumas embarcações persistirem na prática de pesca de arrasto, diante de denúncias feitas por armadores e das operações levadas a cabo pela polícia marítima.
Enquanto isso, na escassez, Oliveira procura equilibrar as contas. Por exemplo, na semana de 28.02, conseguiu apenas cinco toneladas, pelo que teve de aumentar o preço. Ao contrário dos 4.500 kwanzas anteriores, vendeu 28 quilos de peixe sardinha a 7.000 kwanzas, ao passo a mesma quantidade de carapau despachou a 22 mil kwanzas.
Além da redução da oferta, o aumento dos preços é também justificado pela subida das despesas operacionais. De Janeiro a final de Fevereiro, por exemplo, Tiago Chiti teve de desembolsar mais de oito milhões de kwanzas em combustíveis, alimentação, bónus para os pescadores manutenção. Custos que, como antecipa o armador, tendem a aumentar sem retornos à vista.
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