Sindicato aponta soluções para manutenção dos trabalhadores no BPC
BANCA. Plano de reestruturação da instituição bancária prevê o encerramento de 60 agências e o despedimento de 1.600 trabalhadores. SNEBA defende haver “muitos sítios onde se podem cortar as gorduras”.
O Sindicato Nacional dos Empregados Bancários (Sneba) pede “ponderação” na aplicação da decisão de encerramento de 60 agências e despedimento de 1.600 colaboração do BPC e garante existirem outras “nuances” que podem ser consideradas no processo de reestruturação da instituição.
Filipe Makengo, presidente de direcção da associação, adianta ao VALOR que, ainda esta semana, farão chegar à administração do banco as alternativas possíveis ao despedimento e dão como exemplo “a reconversão de postos de trabalhos para empresas compartidas pelo BPC”.
“No ofício que estamos para mandar, queremos indicar também caminhos. Há muitas soluções”, sublinha o sindicalista, acrescentando que “a diminuição dos custos não está só no despedimento”. “Há custos operacionais que não têm nada que ver com os trabalhadores, os investimentos, muitas vezes que não surtem efeitos, não há responsabilização. Fizeram-se muitos projectos, estas administrações todas que passaram pelo BPC fizeram projectos, apresentaram estudos ou diagnósticos onde são pagos valores avultados sem resultados. Os accionistas devem pensar também nestes custos”, defendeu.
Felipe Makengo lembra que o crédito malparado é um dos principais cancros do BPC e “isso não é problema dos trabalhadores, é um problema de gestão, do país”.
“Não se pode castigar os trabalhadores porque os devedores não pagam, não é culpa dos trabalhadores. São todas as nuances que devem ser analisadas com ponderação, mas o elo mais fácil e vulnerável é o trabalhador.”
Salientando haver “muitos sítios onde se podem cortar as gorduras”, Filipe Makengo citou ainda os investimentos “sem resultados palpáveis” que foram feitos nas soluções informáticas.
“Não é a despedir ou mandar as pessoas para a reforma que o banco vai diminuir custos, também a própria administração tem de ponderar onde deve gastar de forma racional. Estas análises, recorrendo a empresas externas, têm custos. A quem são imputados? Aos trabalhadores? Depois não têm resultados palpáveis. As soluções informáticas foram adquiridas. Não foram implementadas. A quem são sacadas estas responsabilidades? Não são os trabalhadores. Há bem pouco tempo, tivemos uma administração com cerca de 13 administradores, eram custos elevados. Quanto custa um administrador no universo de 10 trabalhadores que ganham 200 ou 300 mil kwanzas? São estas nuances que devem merecer uma análise profunda.”
As interrogações sobre o encerramento das agências
Por outro lado, Filipe Makengo defendeu a necessidade de se analisar o impacto que o encerramento de agências pode ter em alguns municípios e na implementação das autarquias. “Continuamos a ter, no interior, funcionários públicos que, para operações bancárias, são obrigados a fazer deslocações de 200 a 300 quilómetros. Esta situação tem de se ter em consideração. Depois temos as autarquias, a implementação também implica a expansão dos serviços bancários, porque as administrações vão precisar de apoio da banca. Como é que vamos fazer a descentralização da administração quando o enfermeiro tem de andar 200 quilómetros para ir levantar o salário, isso não funciona. A informação que temos é que vai fechar as agências não rentáveis, mas é preciso ponderação porque o BPC é um banco público.”
O processo de privatização do BCI é outra preocupação do Sneba, que “ainda tem informação factual sobre quais são as decisões a serem tomadas”.
“O banco tem mais de mil trabalhadores. O novo dono vai ficar com os trabalhadores? É a nossa preocupação, por isso, nos próximos dias, vamos enviar um ofício à administração para nos passar o ponto de situação sobre o que está a ser desenhado.” A alienação das participações públicas no Banco Económico e os processos dos bancos Mais e Postal são as outras preocupações do sindicato que tem “poucos problemas com a banca privada”.
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