DIA INTERNACIONAL DA MULHER

8 de Março – uma data de lutas e de conquistas

09 Mar. 2022 Valor Económico Gestão

Efeméride. Reivindicações pela igualdade de direitos e luta pelo fim dos maus-tratos ditaram a escolha de um dia dedicado à mulher.

 

8 de Março – uma data de lutas e de conquistas

Vários eventos históricos relacionados com a vida da mulher contribuíram para a determinação de uma data dedicada à mulher. O primeiro remonta a 1910, quando, na II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca, foi aprovada uma resolução para a criação de uma data anual de celebração dos direitos da mulher por mais de 100 representantes de 17 países, com o objectivo de honrar as lutas femininas e, assim, obter suporte para instituir o sufrágio universal em diversas nações.

Depois, seguiu-se o incêndio na fábrica têxtil ‘Triangle Shirtwaist’, a 25 de Março de 1911, em Nova Iorque, que matou mais de 130 operárias carbonizadas. Assim como, no decorrer da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram vários protestos em todo o mundo, que marcaram a história e contribuíram para a escolha de uma data dedicada às senhoras.

Mas foi apenas a 8 de Março de 1917 (23 de Fevereiro no calendário Juliano, adoptado pela Rússia até então), que aproximadamente 90 mil operárias se manifestaram contra Czar Nicolau II, devido às más condições de trabalho, à fome e à participação russa na guerra, num protesto conhecido como ‘Pão e Paz’, que ficou marcado como o dia da mulher e veio a ser oficializada em 1921, como o Dia Internacional da Mulher.

Mas a Organização das Nações Unidas (ONU) só reconheceu a data 20 anos depois, quando assinou, em 1945, o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. E, nos anos 1960, o movimento feminista ganhou corpo, sendo que em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher e em 1977 o ‘8 de Março’ foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas.

A data serve, portanto, de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países’’, defende a investigadora Maria Célia Orlato Selem.

Em Angola, as mulheres são também homenageadas a 2 de Março, como reconhecimento do papel desempenhado na luta de resistência do povo angolano contra a ocupação colonial portuguesa. A comemoração é, entretanto, rejeitada sobretudo por sectores críticos e da oposição, uma vez que a data está associada a história de mulheres específicas do MPLA, com destaque para Deolinda Rodrigues, Irene Cohen, Engrácia dos Santos e Lucrécia Paim.