Reencontradas espécies de plantas consideradas extintas
Pelo menos, 17 espécies europeias de plantas consideradas extintas foram reencontradas na natureza ou preservadas em colecções, segundo um estudo publicado na revista científica ‘Nature Plants’.
De acordo com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que dá conta que as 17 espécies agora redescobertas são nativas sobretudo da bacia do Mediterrâneo, e que três das espécies foram encontradas na natureza, duas preservadas em jardins botânicos europeus e bancos de sementes, e as restantes reclassificadas “através de uma extensa revisão taxonómica”.
David Draper, um dos autores do estudo, investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da UL, disse que uma das plantas é a ‘Armeria arcuata’, uma espécie endémica do litoral sudoeste de Portugal cujos últimos registos datam do final do século XIX. Através do estudo, os investigadores encontraram a espécie preservada no Jardim Botânico da Universidade de Utrecht, na Holanda.
Cauteloso, o investigador disse que é agora preciso fazer estudos genéticos para confirmar a redescoberta, porque há 150 anos que a planta estava desaparecida e pode haver “uma má identificação”.
David Draper explicou que é um processo moroso, tanto mais que em tempos de pandemia de covid-19 os laboratórios estão fechados.
Caso se confirme que se trata da ‘Armeria arcuata’, e questionado se será devolvida ao seu habitat natural, o investigador explicou que o ideal seria devolvê-la à natureza, mas adiantou que como existem apenas “três ou quatro pés” é preciso primeiro um trabalho longo de recuperação, nomeadamente através da sua dispersão, primeiro, por vários jardins botânicos.
Em termos gerais a descoberta agora anunciada vai permitir lançar programas de conservação para várias das espécies, consideradas raras ou sob ameaça de uma extinção definitiva.
A investigação “exigiu um trabalho minucioso de detective, especialmente para verificar informações, muitas vezes imprecisas, reportadas de uma fonte para outra, sem as devidas verificações”, disse David Draper citado no comunicado.
A investigação foi liderada por Thomas Abeli e Giulia Albani Rocchetti, investigadores da Universidade Roma Tre (Itália). Foram analisadas 36 espécies endémicas europeias cujo estatuto de conservação era “Extinto” na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
Além de monitorização contínua na natureza, envolvendo universidades, museus, jardins botânicos e bancos de sementes, foram usadas técnicas avançadas para estudar a variabilidade das espécies.
Os investigadores confirmaram que as restantes 19 espécies analisadas se perderam para sempre, sendo que poderão algumas destas espécies ainda ser reencontradas.
Os pesquisadores consideraram fundamental prevenir extinções de plantas, mais fácil do que procurar depois “ressuscitar” espécies, pelo que é preciso investigar e criar condições para que não se chegue ao ponto de extinção.
JLo do lado errado da história