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Corte na produção petrolífera

Angola com incapacidade para alcançar quota atribuída

PETRÓLEO. Desde Outubro que a produção do país está abaixo da quota atribuída, nos termos do acordo entre a OPEP e parceiros. Cenário pode arrastar-se até Julho.

Angola com incapacidade para alcançar quota atribuída

Depois de não respeitar o acordo entre a OPEP e parceiros, produzindo acima da quota a que tinha direito, nos primeiros meses da sua execução, Angola está agora a produzir abaixo da quota por incapacidade de produção, cenário que se deve manter até ao final do acordo, em Julho de 2021.

Na semana passada, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e parceiros decidiram manter o ajuste acordado em Dezembro de 2020 na sequência do acordo em vigor desde Abril de 2019. Assim, os níveis de produção para Maio, Junho e Julho não deverão ultrapassar os 500 milhões de barris por dia.

Para Angola, está definida a produção de 1,283 milhões de barris, em Maio, 1,298 milhões, em Junho, e 1,319 milhões, em Julho. No entanto, estima-se que dificilmente vai atingir estas metas, considerando os níveis de produção actual.

Por exemplo, em Março, produziu 1,163 milhões de barris de petróleo, menos 104 mil barris face à quota que estava fixada em 1,267 milhões. Cenário semelhante registou-se em Fevereiro. A produção foi de menos 144 mil barris em relação à quota de 1,267 milhões de barris.

José Oliveira, especialista de assuntos energéticos da Universidade Católica de Angola, concorda que dificilmente Angola alcançará os números a que tem direito. E aponta como causas a covid-19 e os atrasos em planos que estavam previstos no ano passado. “Mas, mesmo que não fosse a covid-19, dificilmente cumpriríamos. Talvez tivéssemos mais 10 ou 20 mil barris, mas nunca cumpriríamos a quota”, defende, citando entre os constrangimentos o facto de não ter arrancado a produção nos campos marginais, assim como os problemas técnicos no Bloco 32. 

A produção abaixo da quota que lhe é atribuída por incapacidade de produção, de resto, tem sido uma situação recorrente para Angola desde que o cartel optou pelo corte da produção para o equilíbrio dos preços no mercado.

Cenário contrário aconteceu apenas nos primeiros seis meses do acordo em vigor que iniciou em Abril de 2020. Nos dois primeiros, deveria produzir 1,180 milhões de barris por dia, mas produziu sempre acima desta cifra. Em Julho, voltou a violar, por ter alcançado 1,275 milhões barris/dia quando, para o período Julho/Dezembro, a quota atribuída era de 1.249 mil bpd. O país foi inclusive pressionado pelos parceiros, liderados pela Arábia Saudita, para o cumprimento do acordo. Passou a cumprir em Outubro de 2020, produzindo ligeiramente abaixo da quota e, desde então, tem sido esta a realidade.