Sociedades de microcrédito tencionam abandonar ‘linha de alívio económico’
As Sociedades de Microcrédito que integram a ‘linha de alívio económico’ gerido pelo Fundo Activo de Capital de Risco Angolano (Facra) tencionam abandonar o projecto pelo facto de há três meses não receberem a segunda tranche.
Ao VALOR, o director comercial da Cooperativa de Crédito do Faje, Carlos Santiago, avança que a decisão será tomada amanhã, quarta-feira, pelas oito instituições de micro-crédito que estão contempladas na linha.
“Todas as instituições têm vários processos à espera que este valor entre para continuarmos a apoiar, isso começa a criar-nos risco reputacional, porque as pessoas vêm bater a porta e pensam que por não estarmos a disponibilizar valores, no âmbito do alívio económico, nós é que ‘comemos’ o dinheiro”, afirma.
Os operadores de microcrédito, segundo Carlos Santiago, honraram em Março, como consta no contrato, com o pagamento do crédito recebido ao Facra, todavia o “Governo não cumpre” com a sua parte. Em Maio, escreveram duas vezes ao ministro da Economia e Planeamento, depois de o terem feito em Abril ao Facra, mas não obtiveram qualquer resposta.
“Antes de receber a segunda tranche, já tivemos de fazer o pagamento do capital mais juros ao Facra do valor que recebemos. Todos nós o fizemos na expectativa de que seria esta uma condição para que a segunda tranche acontecesse, mas a verdade é que não aconteceu”, lamenta Santiago.
Dos 410 milhões de kwanzas alocados à Cooperativa de Crédito do Faje, recebeu até agora 204 milhões, dos quais cerca de 200 milhões foram cedidos aos agentes económicos. E destes já devolveu cerca de 43 milhões, tendo,nesta altura, 40 operações de cedência de microcrédito pendentes.
De acordo com o relatório de Desenvolvimento Semanal do período entre 31 de Maio a 04 de Junho, disponibilizado pelo Ministério da Economia e Planeamento, este ano foram aprovados 747 pedidos de microcrédito, das 1.044 solicitações feitas. Entre os sectores que mais solicitaram destacam-se o de processamento alimentar, logística e distribuição, agronegócio, produção cultural e o de desenvolvimento de software. O programa prevê disponibilizar 4 mil milhões de kwanzas de micro-crédito e, desde o início da operacionalização, foram disponibilizados 1,9 mil milhões.
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