Produtoras de peruca queixam-se de queda nas vendas
BELEZA. Desvalorização da moeda e consequente aumento do custo das perucas importadas levou a que muitas pessoas apostassem na produção localmente. Mercado vai crescendo, provocando redução na facturação.
Produtoras artesanais de cabelo artificial (peruca) assinalam quedas “significaivas” nas vendas desde o princípio do ano, tendo em conta o aumento da concorrência.
Em detrimento do importado, o acessório produzido localmente passou a ser mais usado sobretudo nos últimos anos, como resultado da redução do poder de compra bem como das importações que encareceram. “As de fora são sempre mais caras pela originalidade e também pelos custos de importação”, compara Marcela Santos, no negócio há vário anos.
Marinela Gouveia, que também conta com alguns anos de experiência, precisou de 350 mil kwanzas para o arranque e vê hoje a actividade “menos rentável”. Se antes vendia, em média, quatro a cinco perucas por dia, actualmente às vezes não chega a vender uma. “As vendas baixaram muito. Anteriormente não ficava o dia sem vender, agora podemos ficar um a dois dias sem atender uma só pessoa”, lamenta. Ainda assim, não pensa em mudar de actividade, porque acredita que o quadro irá mudar para melhor, visto que as perucas locais são mais baratas em relação ao cabelo aplicável proveniente da Índia, China e Brasil. A comercinate produz peruca para vários bolsos com os preços oscilando entre os 40 e 400 mil kwanzas.
O salão Japonesa Re-makeup, por sua vez, antes da pandemia, chegava a fechar o mês nos 3 milhões de kwanzas. Actualmente regista uma redução de 60% na facturação.
Geovana Arsénio, outra produtora, também viu recuar os 250 mil kwanzas mensais para cerca de 100 mil. “Mesmo quando fazia 250 mil, poderia fazer mais, só que tinha outros compromissos”, explicou, acrescentando que a facturação baixou porque arranjou mais compromisso e, como consequência, só faz perucas por encomendas. “Antes não, fazia por encomenda, mas também para quem quisesse comprar na hora”, lembra, garantido que, apesar das dificuldades e do aumento da concorrência, a produção de peruca continua a ser um “bom negócio”, contrariando o pessimismo generalizado.
Se umas estão inseridas nos salões de beleza, outras estão nas praças, com realce para o Kikolo, em Luanda. Para a aplicação, estas chegam a cobrar entre 8 e 10 mil kwanzas só pela mão-de-obra, ou seja, quando as clientes já têm o material. Sem o material da cliente, o preço varia entre 70 e 400 mil kwanzas conforme a qualidade da peruca.
Mas as queixas não desaparecem. “Há muita gente a fazer o mesmo negócio, a pandemia fez com que muitos dos jovens descobrissem, por causa disso a procura ficou escassa”, lamenta Beatriz Silva que, em dias áureos, já chegou a ter 50 encomendas.
Grande parte das produtoras confecciona de forma artesanal e poucas têm a desejada máquina de costura de cabelo que custa cerca de 150 mil kwanzas. A matéria-prima é proveniente da China e Índia.
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