Impasse na OPEP+ volta a provocar sentimento ‘agridoce’
PETRÓLEO. Se, por um lado, o impasse aumenta as receitas fruto do aumento do preço do barril, por outro, também aumenta o dinheiro que potencialmente se perde pela incapacidade de produção.
impasse entre os membros mais influentes da OPEP+ na definição das quotas de produção para os próximos meses provocou uma subida considerável no preço do barril, precipitando uma espécie de sentimento agridoce às contas angolanas. Se, por um lado, aumentam as receitas com as exportações, por outro, também aumentam as perdas potenciais, face à incapacidade de produção ao nível das quotas atribuídas nos termos do acordo do cartel que vigora desde o ano passado.
Em Maio, estas perdas estavam estimadas em cerca de 13,588 milhões de dólares, de acordo com cálculos do Valor Económico, considerado que o país produziu menos 204 mil barris, face à quota a que tem direito (1,283 mbd). No período, o preço médio do barril calculado pela OPEP foi de 66,61 dólares contra os mais de 75 dólares negociados nos primeiros dias desta semana.
Angola iniciou o acordo em vigor desde Abril 2020 dando sinais de que, neste período, aproveitaria melhor, face ao aproveitamento conseguido com os acordos anteriores, tendo sido até a primeira vez que o país iniciou um acordo semelhante indiciando que produziria no limite da quota.
O país chegou mesmo a produzir acima da sua quota e recebeu, inclusive, uma moratória dos outros membros do cartel no sentido de reduzir a produção. No entanto, depois de registar o primeiro défice em Outubro de 2020, a produção esteve sempre abaixo da quota com tendência de crescimento do ‘gap’.
O primeiro acordo neste figurino foi alcançado em Dezembro de 2016 e entrou em vigor em Janeiro de 2017, tendo-se estendido até ao final do mesmo ano. Angola tinha a ‘obrigação’ de produzir apenas 1,673 mbd. No entanto, a média diária de produção neste ano foi de 1,634 mbd, cerca de 39 mil barris abaixo da quota.
O Impasse
Depois dos primeiros sinais de desentendimento na semana passada, os membros do acordo OPEP+ tinham previsto voltar à mesa das negociações nesta segunda-feira para procurar ultrapassar o impasse entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos na definição das quotas de produção, mas a reunião foi adiada.
Na última sexta-feira, a OPEP+, liderada pela Arábia Saudita e pela Rússia, votou um aumento da produção em cerca de dois milhões de barris por dia entre Agosto e Dezembro deste ano e, ao mesmo tempo, um prolongamento dos restantes cortes na produção até ao final de 2022, em vez de Abril do mesmo ano, mas os Emirados Árabes Unidos bloquearam o acordo, como escreve a Reuters.
Os Emirados Árabes Unidos consideram a proposta “injusta”, argumentando que aumentar a produção, sob a condição de prorrogar o contrato actual, “prolongaria o volume de produção de referência” de 2018 até Dezembro de 2022. E, como consideram que a manutenção nesses valores prejudica os Emirados, pedem que os volumes de referência sejam revistos em alta para assegurar que o nível de produção seja “equitativo para todas as partes”.
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