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Mercadorias em Luanda

Valor do frete pode disparar até 80%

Valor do frete pode  disparar até 80%
D.R

O Núcleo de Camionistas de Luanda (NCL) defende uma nova tabela de preços para o transporte de cargas, propondo 180 mil kwanzas para o contentor de 40 pés e 150 mil kwanzas para o de 20 pés, contra os actuais 120 e 100 mil kwanzas, ou seja, um aumento de 50% e 80%, respectivamente.

Osvaldo Mateus, presidente desta organização que junta os camionistas da capital, antecipa que já existem concertações com os parceiros e justifica a necessidade de aumento dos preços com o alto custo de manutenção e das peças de reposição. “Um pneu custa, na loja do libanês, 150 mil kwanzas. Se for à loja de material português, está a 273 mil kwanzas e o pneu de trás a 320 mil kwanzas”, compara.

Notando que, até Dezembro de 2020, a situação era ainda “mais dramática”, Mateus lembra que os motoristas carregavam contentores de 40 pés por 50 mil kwanzas, dos quais eram descontados cinco mil para pagar ao ‘intermediário’ que ajudava na procura de clientes. “A carregar o frete a 45 mil kwanzas, não restava nada para a reserva”, confere, recordando que o núcleo bateu a diversas portas para reivindicar o reajuste dos preços, inclusive o Ministério das Finanças que respondeu “que não tinham uma resposta”.

No entanto, consensos posteriores com outros parceiros, no caso importadores, transitário e despachantes, levaram à definição da tarifa em vigor, no caso a de 120 e a 100 mil kwanzas. Valores que, descontado o custo do intermediário e dos impostos, recuam para entre 70 mil e 90 mil kwanzas.

POLÍCIA E VIAS ENTRE AS DIFICULDADES

Os camionistas de Luanda apresentam o mau estado das estradas, sobretudo as vias de acesso à cidade, e os constrangimentos criados por agentes da Polícia como as principais dificuldades. “São várias as intransigências. O camião que apresentar, por exemplo, um retrovisor quebrado ou um pneu careca é alvo de multa”, explica Osvaldo Mateus, pedindo “compreensão” à Polícia, face aos “elevados” custos de manutenção, ao mesmo tempo que aponta para o objectivo de renovação da frota. “Mas, em Angola, somos obrigados a usar [os camiões antigos], porque o Governo não facilita a compra de novos”, critica.

MERCADO DO LUVO SALVA NEGÓCIO

O mercado do Luvo tem sido, nos últimos anos, a ‘salvação’ dos camionistas, visto que muitos importadores decidiram trocar Angola por Moçambique e África do Sul, como observa o presidente da associação que agrega os camionistas de Luanda.

“Os importadores conseguiram abrir o Luvo e este local tornou-se central, é para lá aonde vão os contentores para se conseguirem dólares porque Angola perdeu muitos importadores de grandes mercadorias”, termina.