Vistos continuam a ser uma 'dor de cabeça'
TURISMO. Empresários garantem ainda sentir dificuldades na obtenção de vistos para quem queira investir em Angola. Criticam consulados e os preços. SME desvaloriza as críticas.
Passados dois anos da publicação oficial da lista de 68 países com os quais Angola assinou acordos de facilitação e isenção de vistos, operadores do turismo garantem não sentir ainda o impacto destas medidas.
Ramiro Barreiro, presidente da Associação dos Hotéis e Resorts de Angola (AHRA), culpa os consulados por "não responderem positivamente à facilitação dos vistos, criando muitas dificuldades". Mas não é apenas isso. Para o empresário, os vistos "são muito caros" e lembra que a AHRA já sugeriu que "não fossem superiores a 30 ou 50 dólares".
Ramiro Barreiro refere que um dos grandes ganhos com a assinatura dos acordos foi a possibilidade de solicitação de vistos online, de modo que aconselha os consulados a melhorarem os serviços que "dificultam os turistas de virem para Angola".
Barreiro reconhece, no entanto, que Angola "ainda não é um destino turístico para os países emissores de turismo mundial", por isso pede que sejam criadas políticas "mais atractivas e competitivas" para se estar ao nível dos grandes destinos turísticos mundiais e particularmente de África, em que destacam países como o Quénia, Botsuana, Zâmbia, África do Sul, Zimbábue, Tanzânia e Madagáscar. “Precisamos urgentemente de ter uma política que faça com que os turistas venham para Angola, promover o turismo nacional se quisermos diversificar a economia e ter turismo forte e permitir que os turistas venham. E não precisam de parar em Luanda, porque as [outras] províncias têm capacidade e potencial para os receber”, insiste.
Ramiro Barreiro não tem dúvidas de que o sector "é dos mais afectados pela pandemia", por limitar a mobilidade, somando "perdas consideráveis". Sem detalhar números, o responsável da AHRA garante que muitos associados se viram obrigados a encerrar portas dos estabelecimentos para evitar gastos fixos, uma vez que não beneficiam de incentivos financeiros nem de perdão fiscal.
"SEM IMPACTO NA ECONOMIA"
O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) concorda que o decreto "não teve impacto relevante na economia", por isso o assunto voltou a ser tratado no encontro da CPLP. Por outro lado, José Severino acredita que talvez tenha melhorado no tratamento de vistos dos expatriados residentes. "O nosso ambiente de negócios é muito mau e os empresários querem saber de incentivos fiscais, como podem ter financiamento pelos bancos locais, que garantias têm para a transferência de dividendos", assinala. "Na área industrial, há sectores que já não têm problemas com os cidadãos que vêm trabalhar para cá”, admite.
José Severino considera que só quem tem dupla nacionalidade, em especial a angolana e portuguesa, tem facilidades, porque Portugal tem livre circulação em muitos países.
Simão Milagres, director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa (GCII) do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), desvaloriza as dificuldades, lembrando que "todas as medidas tomadas foram de consenso". E defende que Angola é dos países com os preços dos vistos mais baixos, apesar dos custos para o Estado.
Sem precisar números, Simão Milagres garante que, depois da aprovação do decreto de facilitação e isenção de vistos com 68 países, a plataforma, criada para a solicitação dos vistos online, registava inúmeros pedidos de turistas e investidores privados interessados em vir para Angola. Com o aligeirar da situação pandémica, já voltaram a registar mais solicitações, segundo sublinha.
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