‘ELEITA’ A CANTORA MAIS RICA DO MUNDO

Rihanna, a multimilionária que não esquece a origem pobre

18 Aug. 2021 Valor Económico Gestão

RIQUEZA. Fortuna avaliada em pouco mais de 1,7 mil milhões de dólares atirou Rihanna para o primeiro lugar na lista das cantoras mais ricas do mundo. Grande parte da riqueza foi construída com a marca Fenty, criada pela artista. Milionária, depois de ter vivido na miséria, destaca-se pelos inúmeros projectos filantrópicos.

 

Rihanna, a multimilionária que não esquece a origem pobre
D.R

Quase toda a gente a conhece por uma carreira musical de grande sucesso que a coloca no topo das cantoras que mais vende. No entanto, não é a música que faz de Rihanna uma das mulheres mais ricas do mundo, com uma fortuna superior à da ‘rival’ Madonna ou ainda maior do que, por exemplo, à da rainha de Inglaterra. A avaliação da revista Forbes dá-lhe o primeiro lugar entre as cantoras com maior riqueza e explica: dos 1,7 mil milhões de dólares – valor da fortuna – 1,4, ou seja, mais de 82% é proveniente da Fenty Beauty, uma empresa de roupas, acessórios de moda, perfumes e ‘lingerie’, detida em 50% por ela. Mas as tabelas dos multimilionários identificam-na como a segunda mulher mais rica ligada ao mundo dos espectáculos, em que só é destronada por Oprah Winfrey. E a cantora tem mais dinheiro.

Mais do que uma cantora de sucesso, Rihanna transformou-se numa empreendedora de elevado calibre aos 33 anos de idade. Só no primeiro ano de existência, a Fenty obteve um lucro considerado astronómico para que tinha acabado de chegar ao mercado: 550 milhões de dólares. Nos anos seguintes, dedicou-se a consolidar a empresa e, mais tarde, a crescer até chegar às receitas de 1,4 milhões de dólares.

 

DA MISÉRIA AO LUXO

Usando um lugar-comum, a vida de Rihanna dava um filme, com quase todos os ingredientes para ter sucesso, em que ela foi protagonista ou vítima: luta pela sobrevivência, violência, alcoolismo e uso de drogas ilícitas, problemas gravíssimos de saúde e divórcios. Pelo meio, uma vontade de empreender e de criar o próprio negócio.

Antes de atingir o estrelato, Rihanna passou um autêntico calvário. Filha de emigrantes, pai irlandês e mãe da Guiana Francesa, a cantora nasceu e cresceu na ilha dos Barbados, mas com uma infância vivida num autêntico inferno. O pai alcoólico batia na mãe e ela sofria com a violência familiar e com um problema de saúde que a atirava para a cama com fortes dores de cabeça. E só começou a melhorar quando os pais se divorciaram. Nessa altura, tinha 14 anos e iniciava-se na música, influenciada por uma monitora que lhe dava treino militar.

Mas só depois de constituir um trio feminino. uma ‘girls band’, é que embarcou na música como profissional. Mas, nos primeiros anos, por intransigência da mãe, foi obrigada a partilhar a carreira com os estudos.

Já com quase 30 anos, em 2017, lançou a Fenty, usando o apelido do pai, e numa parceria com a LVMH, Moët Hennessy Louis Vuitton , uma ‘holding’ francesa. A sociedade, avaliada em 10 milhões de dólares, colocava Rihanna na órbita do negócio de cosméticos, acessórios e de vários produtos de beleza.

Estava dado o primeiro passo para o êxito empresarial. A empresa de cosméticos recolhia elogios da crítica. A primeira loja, já em ‘franchising’, colocou produtos em mais de 150 países, em que se destacavam os cremes e bronzeadores para todos os tons de pele. Ainda nesse ano, a revisa Time elegeu a empresa como “uma das 25 melhores invenções do ano” e elogiava a “amplitude” por ultrapassar as barreiras do racismo e do preconceito. Em Março, em entrevista à France Press, Rihanna justificava as suas opções profissionais: “quero ver as coisas a partir da minha perspectiva. Sou uma jovem negra que ama e adopta todas as ideias e energias dos jovens”.

Ao mesmo tempo, a Fenty beneficiou de estar integrada num mercado em que a crise económica não é muito severa e até continua a crescer. De tal ordem que, na semana passada, ajudou a que Rihana fosse colocada no topo dos mais ricos. 

Associada à vida empresarial, Rihanna desenvolve um intenso trabalho de ajuda aos mais carenciados. Em 2006, inaugurou a primeira instituição beneficente, a Fundação Acreditar, com o objectivo de ajudar crianças vítimas de doenças terminais. Em 2007, foi nomeada embaixadora da campanha Centro de União, Amor e Caridade, que escolhe uma representante de uma instituição de caridade diferente em todo o mundo.

Em 2008, uniu-se a outras figuras públicas para ser criada uma marca Moda contra a sida encabeçada pela H&M. Também em 2008, promoveu um festival, com mais 15 cantoras. O espectáculo arrecadou mais de 100 milhões de dólares, destinados a unidades hospitalares de combate ao cancro. Em 2012, criou a Fundação Clara Lionel, em homenagem aos avós Clara e Lionel Braithwaite, com programas que incluem investigação sobre o cancro e educação de crianças. Além disso, do bolso dela já saíram quase 120 milhões de dólares para ajudar bancos alimentares e pessoas prejudicadas pela pandemia covid-19.