Emissão de OT em moeda estrangeira ‘estrangula’ plano de endividamento
DÍVIDA PÚBLICA. Governo projectou, para todo ano, emitir obrigações em moeda estrangeira no valor 617 milhões de dólares, mas fechou o primeiro semestre com 1,28 mil milhões. Investidores de títulos continuam a apostas em maturidades mínimas.
Os investidores de título da dívida pública continuam a contrariar o plano de endividamento governamental, investindo maioritariamente em títulos de curto prazo quando o Governo perspectivou o inverso.
As ‘Obrigações de Tesouro em Moeda Nacional’ (OT-MN) com maturidade de 1,5 anos que, no plano do Governo, seriam as menos emitidas, com apenas 6% das emissões durante o ano todo, terminaram o primeiro semestre a representar 31,1% das emissões, ocupando o primeiro lugar. Ainda assim, registou-se uma redução da quota das obrigações emitidas com maturidade de 1,5 face ao primeiro trimestre quando representavam cerca de 44% das emissões.
No plano de envidamento do Governo, as OT-MN para três e quatro anos representariam as maiores emissões com 19% das emissões cada uma, enquanto as emissões com maturidade de dois anos, representariam 11%, aparecendo na terceira posição.
Entretanto, no período em análise, as emissões de dois anos aparecem na segunda posição entre as mais emitidas com 21,4%. Seguem-se as de maturidade de três e quatro anos com, respectivamente,18,2% e 14,7%. Já as emissões com maturidade de cinco anos aparecem na quinta posição, representando 14,4%.
No período, o Estado emitiu obrigações no valor de 942,97 mil milhões (equivalentes a USD 1,481 mil milhões), cerca de 47% do previsto para o ano todo (1 988 186 024 768,96). E, em termos reais, as emissões com maturidade de 1,5 anos superaram significativamente o valor previsto para o ano todo. Foram emitidos cerca de 293,65 mil milhões contra os 66,9 mil milhões previstos, representando um aumento de mais de 338%.
Sequencialmente, em termos homólogos, regista-se uma alteração significativa na estrutura do stock OT em moeda nacional. No primeiro semestre de 2020, por exemplo, as obrigações com maturidade de 1,5 anos não faziam parte da estrutura, surgindo agora com 612,51 mil milhões de kwanzas, ou cerca de 7,3% do stock total, fixado em 8.353,90 mil milhões de kwanzas. Comparativamente ao período homólogo, este stock registou uma redução de cerca de 10%.
EMISSÕES EM MOEDA ESTRANGEIRA ‘FURAM’ PLANO DE ENDIVIDAMENTO EM MAIS 101%
Por outro lado, as emissões de obrigações em moeda estrangeira furaram em mais de 101% o plano governamental. Foram emitidas obrigações no valor de 1,28 mil milhões de dólares (equivalente a 820,48 mil milhões kwanzas), quando o plano de endividamento projectou, para o ano todo, a emissão de 407,36 mil milhões de kwanzas (617 milhões de dólares).
Com estas emissões, o Stock das ‘Obrigações em Moeda Estrangeira’ registou um aumento de cerca 36,9% face ao período homólogo, passando de 3,22 para 4,41 mil milhões de dólares.
Também se registou um aumento considerável, ou de cerca de 168,5%, das obrigações em moeda estrangeira com a maturidade mínima, no caso dois anos, passando de 88,46 no primeiro semestre de 2020 para 237,52 mil milhões de dólares nos primeiros seis meses de 2021. Ainda assim, nos dois períodos o stock demonstra uma maior concentração nos títulos com maturidade de sete anos emitidos.
NOS BT A APOSTAM É PARA OS DE 3 MESES
Cenário semelhante regista-se com as emissões dos Bilhetes de Tesouro. No período em análise, o Estado emitiu BT no valor de 476,47 mil milhões (equivalentes a cerca de USD 0,59 mil milhões) com os de maturidade de três meses a representarem 41%, registando-se também uma redução, no caso de 11 pontos percentuais face aos 52% que representava no primeiro trimestre. Por outro lado, o total de emissões de BT representa cerca de 82,5% das emissões previstas para todo o ano, cerca de 577,31 mil milhões de kwanzas.
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