Produtoras queixam-se da falta de laboratórios
venda de produtos de cabelo, óleos de pele, sabonete e sabão caseiros tem crescido de modo considerável em todo o país. O negócio impulsionou jovens a empreenderem, mas a falta de laboratórios para avaliar os produtos preocupa quem nele investe.
Para muitos, a actividade começou como ‘hobby’, contudo, o aumento da procura acabou por elevar, por arrasto, os níveis de exigência e de entrega na produção, evoluindo para negócio.
É o que aconteceu com Helena Teixeira, que, em 2019, motivada pelo interesse que tem por produtos naturais e os efeitos para a saúde, investiu na produção de óleos de cabelo e de pele feitos de coco e moringa. Hoje tem uma marca (óleo Hera), registada na AGT. Os produtos são feitos à base de plantas e raízes adquiridas nos mercados informais. 80% são provenientes das diferentes províncias do país, enquanto 20% são importados.
Libânia Morais, directora da Uribiceu, que produz sabão, sabonetes, óleo de pele e de cabelo, regista que a aquisição da matéria-prima teve um aumento na ordem dos 250%, sendo que o óleo vegetal usado comprava a seismil kwanzas e agora custa 21.400 kwanzas. Já o hidróxido de sódio passou dos nove mil para os 25 mil kwanzas.
Libânia Morais considera que os seus produtos têm aceitação no mercado, adiantando que as vendas ‘‘são satisfatórias’’. A empreendedora, que tem já a marca registada com os produtos que têm efeitos anti-alérgicos, anti-fogos, anti-acne, cicatrizantes, regeneradores, anti-manchas, anti-rugas, celulite e varizes, lamenta também a falta de laboratórios. Vê-se obrigada a enviar os produtos para exame laboratorial na África do Sul.
Com capacidade de produzir 500 sabonetes por dia, a empreendedora está limitada a uma média de pouco mais de 90 unidades por dia, pelo que destaca a necessidade de uma indústria em Luanda, que congregue os empreendedores que trabalham com “produtos totalmente naturais”, de modo a garantir emprego para os jovens.
Já Inalda Correia, proprietária da marca Almecana, usa folhas de eucalipto, goiabeira, café, canábis (liamba) e alecrim, para a confecção dos óleos que vende. E explica que procura explorar todas as plantas nacionais, no sentido de descobrir os melhores aromas e obter vantagens na concorrência.
A empreendedora, que já faz algumas entregas dos produtos para algumas farmácias e hospitais de Luanda, aguarda por uma autorização do Ministério da Saúde para alargar os serviços. Enquanto isso, lamenta as dificuldades da aceitação dos produtos naturais por existir ‘‘muita gente a fazer’’.
Inalda Correia não sabe, ao certo, quantas pessoas produzem estes cosméticos de forma artesanal, mas explica que a qualidade destes produtos depende do investimento aplicado.
Com os valores de venda a variarem entre os mil e os 35 mil kwanzas, alguns produtos têm duração de até um ano e meio.
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