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GONG TAO, EMBAIXADOR DA CHINA EM ANGOLA

“A China nunca se aproveitou das dificuldades de Angola para pedir contrapartidas políticas ou diplomáticas”

Crítico das teses que condenam o financiamento com garantia do petróleo, o embaixador chinês entende que elas têm sido empoladas por “ciúmes ao verem os bons resultados” na relação entre os dois países. Gong Tao afirma que Angola e a China estão em “pé de igualdade” e garante que o governo chinês está “sempre disposto a apoiar Angola”, mas “sem imposições”, “assumindo todos os riscos”, ao contrário, afirma ele, do que fazem os ocidentais.

“A China nunca se aproveitou das dificuldades de  Angola para pedir contrapartidas políticas ou diplomáticas”

É embaixador da China em Angola no ano em que os dois países comemoram 40 anos de relações bilaterais…

China e Angola estabeleceram relações diplomáticas em 1983, concretamente a 12 de Janeiro, estamos a celebrar o 40º aniversário. São relações muito fortes, entre países amigos e irmãos. Temos uma história muito semelhante, tivemos épocas de sofrimento com a invasão do exterior. A colonização, nos caso de Angola e da China, foi meio de feudalismo e meio de colonização também com ocupação e privilégios dos países ocidentais estrangeiros. Os dois países souberam e conseguiram lutar para a independência. Naquelas épocas, souberam apoiar-se, por isso, esta relação já existia antes das relações diplomáticas. Nas relações diplomáticas entre dois estados independentes, sempre conseguimos construir uma relação de igualdade, de respeito mútuo, de não ingerência nos assuntos internos, de respeito pelas diferenças no sentido das relações avançarem sem sobressaltos. A partir de 2002, no caso de Angola, depois da guerra civil, o país precisava recuperar das lesões causadas pela guerra civil e precisava de apoios externos. A China não hesitou em estender as mãos na base de uma relação de irmandade, solidariedade, apoio e também cooperação, privilegiando a complementaridade recíproca, especificamente nas áreas económica e financeira.

O governo chinês, através de arranjos bilaterais, encorajou os órgãos financeiros da China a darem financiamento para a construção de grandes obras, fundamentais para se criar condições para que Angola conseguisse ter um desenvolvimento sustentável. Os resultados que hoje podemos constatar têm um saldo positivo, tanto qualitativo como quantitativo. O volume de comércio tem estado a crescer. Angola é o segundo maior parceiro comercial da China em África, atrás da África do Sul. O ano passado, foi de 27 mil milhões de dólares, um aumento de 16%. A China já se tornou – e mantém esta posição – de ser o maior parceiro angolano em todo o mundo.  Os dirigentes máximos dos dois países, o presidente chinês, Xi Jinping, e o Presidente angolano, João Lourenço, mantêm contactos constantes. Há cinco anos, o Presidente João Lourenço visitou a China duas vezes. O presidente chinês visitou Angola em 2010, no ano em que estabeleceram a parceria estratégica.

 

O financiamento da China em 2002 foi determinante para o reforço das relações?

A China é um país em desenvolvimento. África é um continente em desenvolvimento que tem um certo atraso no seu desenvolvimento. De qualquer forma, China e África, não só com Angola, tinham uma tradição de se entenderem e reconhecerem os direitos próprios de procurar a soberania e a integridade territorial. A China nunca se esqueceu do apoio dos países soberanos de África, na década de 70, quando foi para repor a sua cadeira no Conselho de Segurança como membro permanente e para expulsar os representantes do Partido Nacionalista da China para se obter o princípio de uma só China dentro das Nações Unidas. China e África são parceiros naturais, em qualquer circunstância que se encontrem. Seja qual for a conjuntura internacional, a China não vai deixar de apoiar África. No caso de Angola, houve esta ocasião para as duas partes se aproximarem ainda mais. Nos últimos anos, China e África souberam construir mecanismos especiais, como o FOCAC (Fórum de Cooperação China-Africa). Temos um palco de reuniões, de diálogo. Neste caso, por ocasião da reconstrução nacional, China e Angola viram que era possível tirar maiores proveitos destas relações.

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