Como avalia o desempenho do empresariado em 2024? 
O ambiente de negócios não se apresenta muito favorável ao desempenho empresarial. Porém, alguns sectores apresentaram desempenho mais significativo do que outros, a demonstrar que, mesmo em condições não tão propícias, é possível avançar em direcção aos objectivos traçados. Neste sentido, a capacidade de resiliência e inovação dos gestores faz o diferencial competitivo das empresas.  

Como se pode fortalecer a classe empresarial? 
Costumo dizer que não há receita de bolo para este efeito. Cada ecossistema, cada empresa apresenta necessidades peculiares e que devem pautar a análise. O ponto em comum é o reconhecimento de que muito há para e pode ser feito. Não obstante a necessidade de diversificação da economia, esta não pode ocorrer a partir do estrangulamento da classe empresarial. Temos bons projectos no papel, mas que na prática não são executados conforme concebidos, e isto é preocupante. Um exemplo é o fortalecimento do mercado segurador, que pode "assegurar" melhores condições à banca e, consequentemente, aumentar o volume de créditos concedidos. 
 
Acha, como muitos vêm defendendo, que a AGT continua a ser o carrasco dos empresários? 
A AGT apresenta alguns problemas, nomeadamente a falta de unicidade nos entendimentos dos técnicos; a falta de um posicionamento pedagógico frente aos contribuintes e, por último, mas não menos importante, a forma como "penhora" as contas bancárias dos contribuintes, em muitos casos sem qualquer aviso prévio. Não sou  
jurista, mas uma empresa, como é o caso da AGT, não pode aceder às contas bancárias de outrem, excepto mediante decisão judicial e, mesmo assim, aos Tribunais é concedida a tutela dos valores. Estamos diante de uma situação grave, que pode conduzir ao encerramento de muitas empresas, com graves danos à economia. É preciso analisar as consequências dos actos, mas não vejo a AGT a preocupar-se com este ponto.