A HISTÓRIA DOS TRIBUNAIS QUE IMPRIMEM PAPÉIS EM CYBER CAFÉS
É uma descrição que se mantém arrasadora. Já em 2021, com os movimentos sindicais da justiça com o dedo em riste contra o Governo, o Valor Económico foi ouvi-los. O resultado foi uma exposição perturbadora do estado da justiça. Mais explicitamente das condições de trabalho humilhantes e degradantes a que estão sujeitos os seus oficiais. Das carências mais exigentes como a falta de infra-estruturas, o drama da justiça chegava ao ponto de faltarem tinteiros para impressoras, combustível para os geradores e até lapiseiras para se assinarem processos. Quase dois anos depois, não mudou uma vírgula.
A justiça, colocada no centro da governação por força do desvairado projecto de combate às práticas lesivas ao erário, mantém-se uma sombra da sua própria indigência. Em 2023, há juízes que continuam a andar de táxi. Há oficiais de justiça a imprimirem processos em cantinas e cyber cafés e outros tantos a fazerem diligências de táxis. Não raras vezes, com recurso ao próprio bolso. Da última reportagem para cá, pouco ou nada alterou quanto à falta de computadores, tinteiros, de papéis e há dias em que os tribunais não arrancam por falta de electricidade. Não pela falha de energia da rede pública (que isto é a normalidade), mas porque o sistema de redundância, o gerador, ou está avariado ou está sem combustível, por falta de dinheiro. Escusado será mencionar as reiteradas reivindicações de aumentos salariais que não acontecem, sem justificações convincentes.
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